Era uma Vez... Os Bridgerton

Capítulo Doze

A noite passada foi como um sonho. Ou um pesadelo. E mesmo depois de horas e horas terem se passado, posso dizer com toda certeza que as palavras de John ainda estão gravadas na minha mente. Essa foi a parte mais difícil. Ele acredita mesmo estar apaixonado por mim. Mas isso não é possível. Isso entre nós... Se é que posso dizer que tem algo entre nós, é apenas uma atração momentânea.

- Vai passar. - É o que repito pra mim mesma.

Já consegui evitar que ele me visitasse por dois dias, alegando o mal estar. Mas acho que não posso prolongar essa farsa. Estão começando a perceber que é uma desculpa. Terei que sair da cama hoje. 

Prendo a respiração e meu coração bate acelerado quando batem na porta do quarto que agora me sinto a vontade pra chamar de meu. Arrumo as cobertas ao meu redor, me cobrindo. É uma das criadas.

- Bom dia senhorita. O mensageiro trouxe isso para a senhorita.

Ela me entrega um pequeno envelope. Pego com as minhas mãos um pouco trêmulas.

- Obrigada.

- A senhorita está se sentindo melhor? Acho que ainda está um pouco pálida.

- Estou? - Coloco a mão sobre a bochecha. - Não se preocupe, estou bem. Deve ser fome. Mas, de novo, obrigada.

- Claro. Com licença. Trarei algo para a senhorita comer.

- Está bem.

Espero ela sair pra finalmente ver de onde veio o bilhete, e, como suspeitei, vem da casa dos Stirlings. Respiro fundo. Tenho quase certeza do que está escrito. 

Tiro o cartão de dentro do envelope.

Catherine, me perdoe, pela maneira que agi no nosso último encontro. Gostaria de conversar com a senhorita e me certificar de que está bem, então lhe farei uma visita esta tarde. Espero que não a recuse.

John Stirling

Vejo que tem outro cartão dentro do envelope e logo o leio também.

Fiquei preocupado quando soube que não saiu do quarto nos dois últimos dias. Por favor, cuide da sua saúde.

John Stirling

Olho os cartões por mais tempo do que deveria. Penso nas palavras deles por mais tempo do que deveria. Mas já fiquei triste por mais tempo do que deveria também, não posso continuar assim. 

Levanto da cama em um pulo. Deixo os bilhetes dentro da gaveta e pego um vestido dentro do armário. Me encontrarei com John e não deixarei espaço pra que confunda mais as coisas. Isso não pode continuar assim. Não posso mudar os rumos da história.

*

Depois de ensaiar o que vou dizer umas mil vezes e me preparar pra ver o mundo exterior depois do meu tempo dentro do quarto, saio na direção do andar de baixo.

- Onde está indo com tanta pressa, Cat? - Encontro Eloise e Francesca subindo as escadas.

- Não posso evitar o conde por mais tempo, então decidi esperá-lo para esclarecer as coisas.

- Mas porque o estava evitando? - Pergunta Francesca. - Parece gostar bastante dele.

- Pois é. Acho que não tanto quanto imaginava. Mas é uma longa história, muito complicada. Depois falo sobre isso. 

- O que? Mas você estava suspirando por ele há três dias, como...? 

- Eu não quero falar sobre isso agora, Eloise. Pode me fazer quantas perguntas quiser depois, mas agora preciso ir.