capítulo 4

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Cidade de Deus - RJ

Nicolle.

Finalmente depois de um mês intocada no Vidigal, eu pude voltar para minha quebrada, mas nada de paz.

Já tinha missão para fazer, só não sabia qual, estava descendo na boca para descobrir.

Confesso que estou nervosa e com medo do que seja, não sei por que, mas é um sentimento estranho que eu estou sentindo.

Eu e pilantra nos aproximamos muito nesse um mês que passamos dentro de um barraco sem poder fazer nada, consegui enxergar que ele é mais que um ganancioso.

Ele era muito legal, conversamos sobre tudo e acabamos que pegamos uma intimidade muito boa, parecia até que a gente se conhecia a anos.

Pilantra: Fala aí, coisa linda - falou comigo assim que eu cheguei na boca.

Chapadona: Sentiu minha falta né? Por isso tá aqui?- falei e ele riu.

Cafajeste: Eae Nicolle, chega aqui - Cassiano meu namorado, me chamou.

Chapadona: Até daqui a pouco, vida - falei e dei um beijo na bochecha dele.

Andei até ele e dei um selinho no mesmo.

Cafajeste: A amizade entre vocês dois era só quando você estava no Vidigal, tá ligada né?- falou e eu revirei os olhos.

Chapadona: Namoral? Não enche!- falei e entrei na boca.

Logo os caras mandou chamar todo mundo e aí o povo foi entrando e se sentando.

Chefia: Seis foram convocados para uma nova missão e que vai demorar um pouco pra chegar ao fim, já que vamos ter que infiltrar alguém dentro de outra favela - falou e na hora eu revirei os olhos.

Perninha: Quem vai se infiltrar em favela rival é a Chapadona - na hora eu ia falar mas ele não deixou - você é a única que não é procurada e que ninguém conhece além de nós daqui.

Chapadona: Aí eu que tomo no meu cu? E se eu for morta? Sequestrada? Torturada? É morro inimigo cara!- falei puta.

Perninha: Tu vai ser vigiada o tempo todo, já tem dois soldados nosso lá, então qualquer coisa que você não relatar, eles vão - falou e eu respirei fundo.

Chefia: Lá oque você vai ter que fazer é conquistar o sub dono do morro, conseguir tirar toda e qualquer informação que tiver - falou e eu passei a mão no rosto.

Perninha: O bom é que o dono de la tá preso, o sub não é fácil de conquistar, tu vai tentar chance na boca, mas vai fingir que não sabe de nada sobre o crime, nem atirar, nem nada, tendeu?

Chapadona: Por quanto tempo?- perguntei a eles.

Chefia: Indeterminado ainda, vamos ver oque você consegue tirar deles, mas presta atenção, não vai em tentação e muito menos acredita em caô.

Perninha: Mas você vai precisar fazer de tudo para conseguir informação, até mesmo se envolver com ele - falou e eu olhei para Cassiano.

Cafajeste: Qual foi? Minha mulher vai ter que se envolver outro? É isso mermo? - perguntou e eles concordaram.

Chapadona: Quando eu vou ganhar nessa brincadeira toda?- estava me importando só com os malote.

Chefia: Cada coisa que você descobrir é dez mil que o tráfico vai pagar - falou e eu concordei.

Cafajeste: Qual foi Nicolle?? Vai aceitar isso? Só pode tá de brincadeira!- falou e se levantou saindo.

Você foi atrás? Porque eu mesma não, era dinheiro em jogo e era tudo que eu precisava e queria.

Perninha: Vai aceitar? Não pode dar pra trás mais - falou e eu concordei.

Chapadona: Quando eu começo?- perguntei e ele sorriu.

Perninha: Final de semana os caras já vão estar levando sua mudança, nada que é seu daqui vai pra lá, quando eu falo nada, é nada mermo.

Chefia: Compramos tudo de novo pra você, desde roupas á móveis e eletrônicos, a partir de amanhã você vai pra pista e ficar lá até semana que vem, aí tu brota no morro e se muda direto.

Chapadona: E se perguntarem de onde eu venho? Ou qualquer coisa da minha tal vida passada?

Perninha: Não precisa falar nada demais, fala que cê vem de outro estado, Ceará, Bahia, RS, tanto faz, mas mantém a mentira!

Chapadona: Tá bom, vou precisar mudar meu vulgo?

Chefia: Não precisa, ninguém sabe dele mermo, tá suave.

Perninha: Só não vai chegar soltando que seu vulgo é esse, chega falando seu nome e quando tu se envolver no crime e ele falarem um vulgo, tu fala o seu ou inventa um lá na hora.

Chapadona: Ok, só isso?

Ficamos conversando sobre o plano por maior tempo, quando tudo já estava explicado, eu fui pra minha casa e o Cassiano estava lá conversando com Regiane.

Chapadona: Cheguei, vamo lá no quarto pra gente conversar?

Cafajeste: Se for pra falar que aceitou, já fala agora - falou e eu saí andando.

Entrei no meu quarto, tomei um banho e quando eu saí ele estava deitado na minha cama.

Me troquei e me sentei ao lado dele.

Chapadona: Aceitei, não quero você falando merda, até porque não vou precisar me envolver com ele, sou boa no que faço, não preciso abrir minhas pernas, para conseguir as coisas - falei e ele me olhou.

Cafajeste: Vamo só ver, de quanto em quanto tempo vamos se ver?

Chapadona: Só quando acabar tudo, não posso dar vacilo.

Cafajeste: Então se isso durar três anos, vamos ficar três anos sem se ver?

Chapadona: Mano, é uma missão, vai me dar dinheiro pra caralho, tenta me entender meu.

Cafajeste: Como te entender? Tu vai sumir Nicolle, só vou poder te ver depois da missão e eu nem sei se vou te ver viva caralho!

Chapadona: Eu não vou falar nada pra você, amanhã eu já vou ir, então se quiser aproveitar fica, se não mete o pé, vou me estressar não - falei e ele riu debochado.

Cafajeste: Você parece não se importar comigo né? Eu só quero seu bem mano - falou e eu revirei os olhos.

Chapadona: Eu sei oque é o melhor pra mim! Você só quer me controlar, sempre mano! Me deixa viver, eu te amo, mas também não vou ficar submissa a você - falei e me levantei da cama.

Cafajeste: Vou falar nada pra você, se é isso que tu quer, ok, vai lá - falou e saiu do meu quarto.

Ele sempre quer controlar tudo que eu faço, mas não rola, não nasci pra isso, não aceito essa merda.

O dia passou voando e eu deixei meu quarto todo organizado, deixei do jeito que eu quero ver quando voltar.

Pode ser daqui um ano ou um mês.

De noite Cassiano veio e acabamos dormindo junto, meu pai saiu com a mulher dele e a gente transou pra tirar minha tensão e a raiva que ele estava.

Vida Bandida (M)Onde histórias criam vida. Descubra agora