capítulo 25

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Fiquei meio desnorteada quando Bobô falou que tinha filho e que não conseguiu ver ele nascendo.

Eu não sabia que ele tinha filho, porque ele nunca me contou.

Vive dizendo que tem confiança em mim, mas não tem mesmo.

Por mais que eu sei que estou aqui para descobrir coisas sobre eles, eles não sabem disso.

Por mais que não seja obrigação dele me falar nada sobre a vida pessoal, sei lá né, fiquei meia assim.

Os dias foram passando e eu só fingi que não aconteceu nada, coloquei na minha cabeça que eu tô aqui pra descobrir coisas na boca e não dá vida pessoal deles.

Até porque, eu não gosto desses bagulhos de envolver família, por mais filho da puta que a pessoa seja, a família não tem nada haver com oque ela fez ou deixou de fazer.

Primo: Hoje cê tá vai tá na tropa do Bobô, vai acompanhar ele pra onde ele for, até de manhã às dez

Falou assim que eu entrei na sala dele.

Chapadona: Tá bom, só isso? - perguntei e o mesmo concordou.

Primo: Pode vazar pra sala dele, tenho mais caô pra resolver.

Falou, eu sai da sala dele e bati de frente com o Bobô.

Chapadona: Vai pra onde?

Bobô: Ixi? Tá doidona?

Chapadona: Ué, porque?

Bobô: Não é só porque nós fica que eu vou te dar satisfação da minha vida - falou e eu ri negando.

Chapadona: Fica tranquilo bebê, não quero saber de nada da sua vida, hoje estou com a sua tropa.

Na hora ele ficou sem graça e sem saber oque dizer.

Ai, homem as vezes é tão emocionado.

Bobô: Ah sim, aciona a tropa, vou passar na minha coroa.

Falou e eu concordei saindo com ele da boca.

......

Já era de noite e estávamos no baile, todo mundo curtindo, menos eu porque tava trampando.

Isso era chato, porque eu queria estar descendo até o chão, rebolando minha bunda e bebendo abeça, mas não posso.

Loirão: Tá parada aí de cara fechada porque? Sai de perto de macho, vamo dançar e beber - falou me puxando.

Chapadona: Não loirão, tô trampando hoje, nem rola.

Loirão: Para de meter o louco, não tem trampo esse mês truta.

Chapadona: Pra você que é familiar do dono daqui né? Pra mim que não sou nada, tenho que trampar pra porra.

Loirão: Como assim? Tá achando que meu primo me banca?

Chapadona: Não, mas que você tem grande moral pra ficar em casa sem fazer nada, tem.

Loirão: Eles me dispensaram, quer me estressar mas não vai rolar, sei que não tem trampo esse mês.

Chapadona: Se não tivesse você acha que eu ia estar aqui? Tô trampando que nem uma condenada parceira.

Loirão: Nem de bolsa você tá, como tá vendendo droga?

Chapadona: Eu tô na contenção do Bobô parceira, droga eu vendi ontem.

Loirão: Tá de sacanagem?

Chapadona: Não! Tô falando sério.

Bobô: Chapandona?

Loirão: Esses caras estão me tirando da jogada.

Chapadona: Que ? Como assim?

Loirão: Como não? Cê chegou agora e eles preferem trampar com você do que comigo.

Chapadona: Não joga pra cima de mim não, eu não fiz nada além do que me mandaram fazer.

Loirão: Deve tá sentando para os três junto ne? Sua cara não engana.

Bobô: Oh chapadona, caralho!

Chapadona: Pera aí - falei pra ele e virei pra ela de novo - Tu não me conhece, então não fala porra nenhuma!

Loirão: Então me diz, porque te colocaram pra trampar e me deixaram de escanteio?

Chapadona: Minha filha, pergunta pro teu chefe, eu não mando em nada aqui não.

Loirão: Não manda, mas controla tudo né, um cházinho seu já deve resolver muita coisa.

Chapadona: Vai se foder!

Bobô: Oh Nicolle, porra!

Chapadona: Oque é?

Bobô: Tá de folga por acaso? Vamo brotar ali, agora!

Concordei e olhei pra loirão.

Chapadona: Presta atenção nas merdas que você diz por aí, tu não me conhece!

Loirão: Vai fazer oque? Mandar eles me matar?

Chapadona: Não amor, eu mesma te mato!

Loirão: Vai ter que ter muita disposição e não se esquece que vida paga com vida.

Chapadona: Tá tranquilo gatona, eu não me importo de morrer - falei e sai andando.

Saímos do baile e fomos descendo o morro, entrei no carro com ele e mais dois soldados.

Tinha mais um carro e duas motos pra fazer a segurança dele.

Bobô: Cê tem que aprender, que quando você está trampando, vice tem que ficar na minha cola e não fofocando com amiga.

Chapadona: Eu sei! Eu não estava fofocando, só estava explicando pra ela que eu estava trabalhando.

Bobô: Vou nem me estressar, tu é sonsa e acha que engana todo mundo.

Chapadona: Entenda uma coisa, eu não estou sendo sonsa, ela veio querer bater de frente comigo, porque eu tô trampando e ela não.

Bobô: Ela não tá trampando hoje.

Chapadona: Ela me disse que tá o mês todo sem trampar, porque vocês disseram que não tem nada pra fazer.

Bobô: Que?

Chapadona: Eu que te pergunto, porque tô saindo como puta nessa história toda!

Bobô: Oque tem a ver uma coisa com a outra?

Chapadona: Ela jura que eu só tô trampando porque diz ela que eu smeto pra vocês três.

Falei negando.

Bobô: Nós três quem?

Chapadona: Você, o primo e o gavião.

Bobô: E tu senta?

Falou e eu olhei pra ele de cara fechada.

Chapadona: Eu juro que só não saio de perto de você agora, porque eu estou trabalhando e preciso do dinheiro - falei negando cheia de ódio.

Bobô: Só te fiz uma pergunta, não posso?

Chapadona: Tá bom, acha oque você quiser!

Falei e fiquei quieta.

Radinho 📳

Ae Bobô? Que qui pega? Foi pra onde?

Minha cria tá no hospital parceiro, tô indo lá.

Ixi, oque ela tem?

Uns bagulho aí, mas tá suave pô, curte aí por mim, daqui a pouco tô voltando pra favela.

Pode pá parcerio, fé aí.

Radinho 📳

Ele acelerou um pouco o carro e saiu da favela.

Vida Bandida (M)Onde histórias criam vida. Descubra agora