capítulo 29

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Chapadona

Eu estava puta, não acreditei quando eu subi morro e o cara que tava me perseguindo tava lá conversando com os meninos.

Fiquei cheia de ódio, mas não surpresa.

Ainda bem que não espero nada desse povo, se não a decepção iria ser grande.

Por mais que tô aqui por um motivo, tô sendo verdadeira a maior parte do tempo, oque me deixa puta mas me faz entender que eles estão certo.

Em estar colocando gente atrás de mim, mas também não vou ficar falando que tô puta e tals, até porque se não eles vão desconfiar.

E com razão né ?

Quando ele deitou na cama, fiquei na minha, não queria saber de nada, porque tava pensando em se caso esses porras descobrirem antes da hora tudo que eu tô planejando.

Eu vou morrer.

Não ligo pra morte, já disse que só tô nessa por dinheiro, já pensou eu morrer e nem ter feito nada do que eu sempre almejei desde pequena?

Eu não iria aceitar minha morte legal não, papo reto parceiro!

Bobô: Qualé? Vai ficar nessas mermo?

Chapadona: Não enche Bobô, eu só quero ficar na minha, na paz.

Bobô: E quem disse que eu não posso te dar paz?

Falou e eu me segurei pra não rir.

Chapadona: Porque não me falou antes que tinha uma filha?

Bobô: Tu não perguntou, ué.

Chapadona: Tu sabe de tudo da minha vida e mesmo assim não perguntou nada.

Bobô: Ah parceira, é que a mãe dela é muito cabreira e conhecendo você, sabia que tu ia querer conhecer.

Chapadona: É estranho que nas suas folgas eu não vejo você com ela.

Bobô: Quando eu digo que vou resolver b.o, normalmente é isso, não fico aqui, vou pra pista e fico alguns dias lá com ela.

Chapadona: Ela não mora aqui?

Bobô: Tirei elas da favela pô, teve uma época que os caras do CDD tavam atrás da minha família, aí mandei todo mundo pra longe.

Chapadona: Porque eles queria mexer com sua família?

Bobô: Porque oque deixa qualquer ser humano fodido é perder seu alicerce, eles sabiam que minha família era e é tudo pra mim, aí quase tiraram minha coroa de mim, só que aí eu dei meu jeito e consegui tirar elas da favela a tempo.

Chapadona: Ah, por isso você é todo sozinho aqui na favela.

Bobô: É pô, a maior parte do tempo que eu não tô aqui, eu tô lá na pista curtindo elas e aproveitando o máximo que eu posso.

Chapadona: Mas aquele dia eu conheci sua mãe e sua irmã.

Falei lembrando do dia do samba.

Bobô: Elas colam pra cá de final de semana e ficam na nossa casa antiga, minha irmã tá quase pra vir morar aqui, só não deixo porque sei que minha coroa vai querer vir junto.

Chapadona: Mas agora tá tudo mais tranquilo pô.

Bobô: Tá até elas virem, sempre que elas tentam morar aqui, acontece algo fodido.

Chapadona: Uma hora elas vão vir sem a sua permissão, você sabe né?

Bobô: Vou manter elas lá na pista, até onde der, de jeito nenhum quero elas em perigo.

Chapadona: Errado você não tá.

Falei e ele ficou falando sobre oque ele faz quando vai ver elas.

Chapadona: Ah e eu achando que você tinha alguma mina por lá.

Bobô: Sou de laço não pô, se eu peguei, três vezes é muito.

Chapadona: Ainda bem que a gente é só amigo.

Bobô: Cala a boca, cachorra!

Falou e veio me beijar.

Vida Bandida (M)Onde histórias criam vida. Descubra agora