capítulo 24

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Estava no ódio!

Tinha muita coisa pra resolver, muito caô pra cima de mim, aí vem a maluca e joga mais um no meu colo.

Sendo que eu nem sei das paradas que tá acontecendo, isso que é foda!

Desliguei a primeira chamada pra tentar raciocinar né? Porque nem sei de qual soldado ela estava falando.

Fiquei puto mais ainda em como o primo forgou pra cima de mim, como se eu literalmente não fosse ninguém na favela.

Mas é isso né, concordei e já sabia que ia dar caô.

Primo: Não é a primeira vez que cê tá passando por cima de ordem minha!

Bobô: E qual foi a outra? Diz pra mim? Passei porque é um bagulho sem nexo, deixar uma mina sozinha no hospital e o marido trampando.

Primo: Ele tá trampando pra sustentar a família não tá? Que a família dela vá lá ajudar ela na hora do parto e sozinha ela não tá, porque hospital vive cheio.

Bobô: Pode pá! Não vai ter próxima.

Falei e fiquei calado, não ia bater cabeça com louco.

Até porque eu ia precisar de paciência pra lidar com a sonsa.

......

Tava no barraco, fumando pra tirar todo estresse, estava quase sem pulmão.

Chapadona: Cheguei, antes de você começar a surtar, deixa eu me explicar tá?

Bobô: Tá, tô esperando.

Chapadona: Peguei o trampo do menino e disse que foi você, porque a mina dele tava sozinha no hospital e ele pediu na maior humildade pro primo e ele tratou o menino com a maior indiferença, ele trampa pra caralho, você sabe quem é ele, todo dia chega pedindo trampo e pá, sempre tá com vocês pra tudo e uma vez que ele precisa sair só pra ver a cria dele, vocês negam isso.

Bobô: Primeiramente eu não neguei nada e nem concordei porque não estava, e outra, se primo não deixou é porque ele não vai pagar as horas que ficou devendo, isso aí como fica?

Chapadona: Ele vai sim! Ele ainda falou pro primo que ia pagar, mas mesmo assim o primo não deixou.

Bobô: Cê tu tiver de caô pro meu lado, cê vai vê parceira.

Chapadona: Não tô! Ele falou que ia pagar, troquei meu dia da semana que vem com ele e ele vai cumprir as horas que tá devendo, tô te falando!

Bobô: E porque cê quis ajudar ele? Grana você já tem, porque ontem cê faturou mais do que devia e sabe que vai receber bem esse mês.

Chapadona: Pode achar oque quiser, mas só fiz isso porque o menino tava todo contente querendo ver o filho dele, e quem não estaria? Me diz e se fosse você? Não ia querer ver seu filho nascendo?

Bobô: Quando minha cria nasceu, eu nem tava aqui - falei e ela ficou perdida.

Chapadona: A.

Foi a única coisa que a mesma disse e depois se calou olhando pro nada por um tempo.

Bobô: Cê quer...

Chapadona: Posso ir embora, agora?

Bobô: Pode pô, já resolvemos essa treta, mas tu não quer fumar um comigo não?

Chapadona: Não, tenho uns bagulhos pra resolver, até amanhã.

Falou e saiu andando.

Fiquei perdido, mas nem fui atrás, tinha muito caô pra resolver ainda.

Vida Bandida (M)Onde histórias criam vida. Descubra agora