Capítulo XII: O Primeiro

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Lisa entrou no quarto do Príncipe tentando ser o mais silenciosa que podia, tomando o cuidado de usar o quadril para fechar a porta enquanto equilibrava uma bandeja de prata com algumas poucas frutas frescas, uma sopa leve e um chá de camomila para sua, muito provável, dor de cabeça.

Não se surpreendeu minimamente com o estado caótico do ambiente e deu de ombros ao passar pelos milhares de cacos de vidro espalhados pelo chão, embora desviar deles dificultasse seu malabarismo com a bandeja.

Quando se aproximou do centro do quarto, apoiou a bandeja sob a mesa de cabeceira ao lado da cama alta com dossel. As camadas de tule que costumavam descer por entre as estruturas de madeira estavam arruinadas, assim como todos os travesseiros.

O Príncipe estava deitado transversalmente com o dorso descoberto. Lisa tentou não encarar muito toda a pele à mostra, mesmo que sentisse suas bochechas começarem a esquentar. Ele estava de olhos abertos, embora não parecesse realmente acordado. Seu rosto estava muito inchado o que a fez pensar que deveria ter levado uma compressa também, e havia manchas de choro por suas bochechas assim como vergões avermelhados cobrindo as laterais de seu pescoço, o que só podia significar que havia se arranhado de novo. Seu cabelo assim como tudo ali, estava uma completa bagunça, desgrenhado e coberto de plumas. Foi inevitável não pensar que aquela seria uma cena adorável, não fosse a expressão que a face dele carregava.

Ela se abaixou com movimentos lentos até estarem frente à frente. Não queria assusta-lo.

ㅡ O sol já está alto no céu, Alteza ㅡ o avisou usando toda a delicadeza que podia imprimir em sua voz. ㅡ Todo o castelo está se preparando para vossa coroação. Logo o costureiro real estará aqui para aprontá-lo para a cerimônia. Devo chamar o Lorde Kim?

A última pergunta havia feito apenas para desencargo de sua própria consciência. Sabia que ele negaria. Ele sempre negava.

ㅡ Não ㅡ disse como ela tinha imaginado.

Aquelas crises pertenciam somente à ele. E a Lisa, indiretamente. Achava meio solitário que tivesse que ser assim, afinal de contas, era somente uma criada. Jamais poderia apoia-lo como a um amigo. Estava muito longe do imaginável.

Sentando-se na cama, Jimin puxou ele mesmo a bandeja para si e bebericou o chá em curtos goles elegantes. Mesmo em sua absoluta bagunça não dava para não ver toda sua aura real. Exalava sofisticação, delicadeza e precisão em cada um de seus movimentos.

E enquanto ele tomava seu chá, Lisa pôs-se a preparar-lhe um banho. Encheu a banheira com pétalas de rosas e essência de lavanda, a preferida do Príncipe, e o esperou em sua costumeira posição, sempre alerta, nunca realmente visível. As vezes se imaginava como uma sombra e o mais esquisito, era que gostava de se ver assim.

Quando o príncipe entrou em seu quarto de banhos, de imediato se aproximou para ajuda-lo. Normalmente, ele gostava de se banhar sozinho, porém quando aquelas situações se repetiam sempre solicitava sua ajuda. Depois de quase quatro anos o servindo, era quase como se se movessem no automático.

Dado a todo aquele tempo o mais esperado seria que Lalisa estivesse totalmente acostumada com a nudez dele, mas a verdade era que há tempos já tinha desistido daquela ideia. Nem mesmo em outra vida poderia se acostumar com a visão que era ter o Príncipe Park Jimin completamente despido diante de seus olhos. E era por isso que evitava olhar demais e, talvez, também fosse por isso que ele sempre mantivesse um misto de malícia e zombaria em suas feições quando ela o ajudava, sempre com exceção daqueles momentos.

Ele deslizou para dentro da banheira e pela primeira vez, ela podia apostar, hesitou antes de inspirar com força o cheiro intenso que cercava a água. Seus olhos estavam ainda mais pensativos que de costume e ele demorou um pouco mais para relaxar que o esperado. Lalisa imaginou que toda aquela hesitação e excesso de ponderação só podia ter ligação com sua, cada vez mais próxima, coroação.

EGO · ABO · JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora