Partida aleatória

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Naquele mesmo dia, enquanto ia embora junto de Jean, eu perguntei:

- Você vai jogar hoje?

- Te carregar, você quer dizer, né? Tua Ashe é uma desgraça, boneco cadeirante da porra, campeão de tutorial...

- Claro, com um suporte bosta que nem tu, não tem santo que me ajude.

- Pois beleza, eu não vou suporte. Vou no meio e você que se vire com suporte aleatório.

O Jean estressado era a alegria do meu dia, eu enchia o saco dele de propósito, porque ele ficava lindinho quando estava com raiva. Eu fiquei rindo dele, e isso o deixava com mais raiva. Nos não morávamos tão perto da faculdade, e eu sempre aproveitava a viagem de carro com ele. Gostava de baixar os vidros e sentir o vento no meu rosto, enquanto tocava nossas bandas preferidas no aparelho de som do carro: System of a down, Red hot chilli peppers, Metallica, Guns'n roses, Avenged sevenfold... Eu amava rock, mas dificilmente era caracterizada assim. Eu não me vestia como os "roqueiros" geralmente se vestiam, mas gostava muito de preto.

Ele parou o carro em frente do meu condomínio, assim que chegamos.

- Está entregue.

- Obrigada, Jean. Amanhã me lembre de te dar o dinheiro da gasolina.

- Aurora, eu já disse que não precisa. Minha casa é perto, e de toda forma eu faço o mesmo caminho, com você ou sem você.

- Não interessa, eu vou ajudar mesmo assim, você gostando ou não.

Ele expirou forte, e se deu por vencido.

- Tá, se você insiste tanto em me pagar, eu não vou recusar. Vai entrar no jogo que horas hoje?

- Mesmo horário de sempre, depois do jantar. Vou ficar te esperando. – Dei um beijo em sua bochecha, desci do carro e me despedi dele. – Até daqui a pouco. Não se atrasa!

Fiquei observando até seu carro dobrar na esquina, e então eu entrei no meu prédio. Cheguei no hall, apertei o botão para chamar o elevador. As portas se abriram, eu entrei e apertei o botão do meu andar, e as portas se fecharam.

E então eu comecei a pensar no que tinha acontecido na hora do almoço.

Os olhos dele eram lindos, um amarelo em tons de dourado que eu nunca tinha visto. Eu fiquei com um pouco de vergonha quando eu vi que ele me olhava, mas eu segui meu caminho normalmente, desviando o meu olhar do olhar dele. Meu problema é que minha mente nunca para, e eu fico imaginando coisas... coisas que eu não deveria pensar com um cara que nem sei o nome.

O elevador parou e abriu as portas, indicando que eu havia chegado no andar que queria. Eu morava com minha mãe em um apartamento próximo à praia, mas dificilmente aia até lá. A ideia de pegar sol não me agradava muito, e eu evitava o máximo possível. Quando cheguei, ela estava na cozinha preparando o jantar. Eu falei com ela, dei um beijo em sua bochecha e parti para o quarto.

Joguei minha bolsa na cadeira do lado da cama, e fui para o banheiro tomar banho. Fiquei com a cabeça debaixo do chuveiro sentindo a água fria molhar meu corpo, um alívio naquele dia quente, e de novo aqueles olhos dourados tomavam conta dos meus pensamentos.

Se eu não tivesse tanta dificuldade em iniciar uma conversa, eu tentaria falar com ele, mas eu provavelmente estragaria tudo de alguma forma...

Eu saí do banho me secando, vesti uma roupa confortável e fui para a cozinha, pegar algum lanche rápido e meu precioso café, do qual eu não viveria sem. Fui para minha escrivaninha e estudei por algum tempo antes de dar a hora de logar no jogo.

Fila Ranqueada - Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora