Fila Ranqueada - Reiner Braun

Sentimentos

Eu fiquei confusa ao ver Jean sair daquela maneira, mas no momento seguinte, eu entendi o quão idiota eu fui com ele.

Vesti a primeira roupa que eu encontrei e saí do quarto a procura dele. Fui no salão de festas, achando que ele poderia estar lá bebendo, mas não o encontrei. Fui na piscina, ele também não estava lá. Andei pelo cassino, pelos corredores das lojas que estavam fechadas, e não o encontrei em lugar algum.

Até lembrar do quanto ele gostava de ficar no solarium e ficar observando o céu negro, á noite.

Subi até o solarium, e lá estava ele, deitado em uma das cadeiras de bronzes, olhando pra cima. Eu o vi, e não sabia exatamente o que falar, estava com medo de falar qualquer coisa que soasse errado, e ele ficasse ainda mais chateado comigo. Por fim, eu só tentei deixar a conversa um pouco menos pesada.

- Eu imaginei que você estaria aqui, mas confesso que demorei um pouco a lembrar.

Ele vira o rosto um pouco apenas para me observar caminhando na direção dele, e depois volta o olhar para o céu sem lua.

- O que você quer, Aurora?

- Quero pedir desculpas.

Ele permaneceu com o olhar fixo na imensidão do espaço acima de nossas cabeças, com uma fraca expressão de raiva. Ele não disse uma palavra.

- Jean, eu-

- Você não respondeu minha pergunta. – Ele me corta antes que eu pudesse falar algo a mais.

- Que pergunta?

- Se me trouxe pra cá pra servir de consolo, segunda opção, ou qualquer merda desse tipo.

- Não, Jean! É claro que não! Eu quis que viesse porque você é meu amigo!

- Você poderia ter chamado qualquer um: Annie, Mikasa, Sasha ou até o Armin. – Ele senta na cadeira, e vira de frente para mim. - Por que eu?

Eu desvio do seu olhar por um momento e recolho meus ombros, a vergonha do que eu tinha feito tomando conta de mim, e eu baixo minha cabeça. Por fim, respondo:

- Porque você é mais especial pra mim do que qualquer um deles. E você sabe disso. Você me entende melhor do que ninguém, esteve do meu lado nos piores momentos da minha vida, estar com você me faz bem, me faz feliz...

Ele respira fundo, e quando eu levanto minha cabeça pra olhá-lo, ele estava de cabeça baixa, encarando os próprios pés.

- Eu não quis te magoar, Jean. Estar com você é a única coisa que me deixa feliz com tudo isso que tá acontecendo..., mas mesmo com tudo isso, o Reiner não sai da minha cabeça...

- E você acha que eu não sei? Acha que eu não sei que você chora toda noite por causa dele? Você acha que eu não vejo, mas eu presto atenção em tudo, Aurora. Eu só quero saber o que eu significo pra você.

- Jean, você significa tudo! Eu... eu fiz merda hoje, eu sei disso. Eu não vou negar pra você, as coisas que fizemos naquele dia me fizeram esquecer todas as coisas que eu estava passando, eu literalmente esqueci que existia Reiner e todo o resto fora do meu quarto enquanto estávamos nós dois lá dentro, e hoje eu só pensei que poderia acontecer a mesma coisa... eu só não achei que dessa vez, você ficaria chateado comigo... por favor, me perdoa. Nós nunca brigamos, eu não quero que fiquemos brigados...

- Eu tô cansado desse tipo de coisa acontecer, eu não quero ser só um ombro pra chorar pra sempre.

- Então por que veio, Jean? Por que está sempre do meu lado me consolando? Você sempre me protegeu, me defendeu, e agora tá dizendo que não pode ser meu amigo? Porque é isso que os amigos de verdade fazem, eles apoiam um ao outro, e sim, servem de ombro pro amigo chorar, se precisar!