Fila Ranqueada - Reiner Braun

Arrumando as malas

Poucos minutos depois, O meu interfone toca, e o porteiro diz que Jean estava na portaria. Eu autorizo a entrada dele e pouco tempo depois, a minha campainha toca. Eu abro a porta, e Jean está com uma cara apreensiva. Assim que ponho meus olhos nele, não consigo segurar o choro, e o agarro pela cintura, aos prantos. Ele se assusta com meu abraço brusco, mas passa suas mãos ao redor do meu corpo logo em seguida.

- Merda, Aurora, o que aconteceu?

Ele caminha devagar comigo pra dentro do meu apartamento ainda no seu abraço, e usa uma das mãos pra fechar a porta atrás dele.

- Aurora, me responde. O que houve?

Eu me desvencilho do seu abraço e pego na sua mão, sem olhar para o rosto dele diretamente, e o arrasto pro meu quarto. Eu tento me acalmar, respiro fundo, e eu sento na cama. Eu pego meu celular, coloco na mensagem que recebi do numero desconhecido e entrego o celular para Jean. Ele pega o celular e olha as imagens, e ele fica em estado de choque.

- Não, cara, nem fodendo... e Justo com a Pieck! Isso é algum tipo de piada?

- Eu liguei varias vezes pra ele, mandei mensagem, ele não me respondeu... deve estar com ela agora, sabe-se lá fazendo o quê... – Eu coloco as mãos no meu rosto, tentando abafar meu choro e segurar minhas lágrimas.

Jean senta do meu lado e me puxa, colocando minha cabeça em seu peito.

- Eu o mato por fazer isso com você, juro que mato! Eu não consigo acreditar nisso... como ele pôde ser filho da puta a esse ponto?

- Eu quero morrer, Jean! Eu não quero passar por essa dor de novo, eu prefiro morrer!

- Para de falar merda, Aurora! Você é forte, sempre foi, não pode se deixar abalar por um maldito desses! As pessoas não enxergam o qu você têm de bom, você não perdeu nada com isso, mas ele sim! Ele perdeu você, uma mulher que o ama! Você pode sentir essa dor agora, mas pode ter certeza, ele vai sofrer muito mais! Ah, como eu quero quebrar a cara dele! Ele enganou todo mundo, até a mim, eu achei que ele era um cara adequado pra você..., mas pelo visto, ele só era mais um pau no cu!

Ele fazia um carinho suave na minha cabeça, e eu me acalmava aos poucos em seu peito. Nós ficamos em silêncio por vários momentos, e depois de me acalmar, eu digo:

- Lembra do cruzeiro que eu ia amanhã com ele?

- Sim...

- Eu ainda quero ir, mas minha mãe não quer me deixar ir sozinha, então eu queria te convidar pra ir comigo. Eu sei que é meio em cima da hora, mas eu ficaria feliz que fosse.

Ele me afasta cuidadosamente de seu peito para olhar no meu rosto, enxugando algumas das lágrimas que ainda estavam nele. Ele fala com uma voz terna:

- Aurora, eu adoraria ir, mas eu não me programei pra isso. Cruzeiros são caros, e eu não tenho esse dinheiro todo até amanhã...

- Tudo bem, eu pago.

Eu o vejo ruborizar levemente, e ele fica sem jeito.

- N-Não, aurora! Não vou deixar você pagar uma coisa tão cara assim pra mim! E de onde você tem esse dinheiro todo?

- Eu estava juntando pra minha moto, lembra?

- Pior ainda! Faz anos que você junta essa grana, não vou fazer você gastar tudo isso!

- Se te incomoda tanto, você me paga depois, não tem problema. Então se for isso que te impede, vamos. Vamos juntos.

Ele olha nos meus olhos por um tempo, enquanto acaricia meu rosto suavemente.