De mulher pra mulher

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Os dias se passavam, e Jean tinha uma melhora rápida. Eu sempre estava no hospital antes e depois das aulas, e sempre contava as novidades.

- É, eu acho que não consigo voltar nesse semestre... não quero ter que ficar de muleta pela faculdade, o que as gatas vão pensar de mim?

- Você deveria estar pensando em não atrasar a formação, e não em boceta! De qualquer forma, os professores estão informados da sua condição. Não vão reprovar você por falta. E o médico disse que próxima semana você já pode voltar pra faculdade apenas com a botinha pra imobilizar o seu pé.

Ele suspirou pesado, revirando os olhos.

- Eu não aguento mais essa merda de hospital. Já estou aqui há duas semanas sendo torturado!

- E vai ser torturado mais um pouquinho, até ter alta na próxima semana. Deixa de reclamar, tá pior que velho...

- Quer trocar de lugar?! – Falou ele, com os olhos arregalados e apontando para a cama.

- Não, tô de boa aqui... – Provoquei.

Ele ainda não se movia muito, por conta das costelas quebradas que ainda não estavam 100% recuperadas, e por conta disso, ele passou quase um mês internado. Nesse tempo, o tornozelo já estava muito bem, e ele precisava apenas manter o pé na botinha imobilizadora por mais alguns dias, e então ele estaria 100%. Ele ficou com uma cicatriz relativamente grande abaixo do peito direito, que foi onde o médico abriu para poder fazer a cirurgia nas suas costelas, e provavelmente no tornozelo também, mas não tinha como ver por conta do gesso que ainda estava em seu pé.

[...]

Dez dias depois, eu estava indo buscar Jean em casa para irmos para a faculdade. Ele saiu de casa com uma cara carrancuda, por causa do gesso no pé, e eu ria dele.

- Que coisinha mais linda com essa cara de cavalo emburrada!

- Vai se foder, Olívia Palito!

– Que exagero, eu não tô tão magra assim!!!

Ele passou a perna engessada por cima da moto, e sentou nela, passando uma das mãos na minha cintura.

– Vamos, minha serviçal. Pilota.

- Quer que eu te chute dessa moto e te deixe aí no chão?

Ele riu.

- Ah, como eu senti saudades de te irritar.

Chegamos na faculdade, e todos já estavam reunidos na mesa, apenas nos esperando. todos estavam muito felizes pela recuperação do Jean, e o enchiam de mimos e carinhos.

- Vocês vão continuar tratando ele desse jeito? esse daí já tem o ego inflado, vocês fazem isso, daqui a pouco ele nem pisa mais no chão... – Disse, cruzando os braços.

- Calma, eu já sei que eu sou tudo isso. Eles quem descobriram agora. – Ele fala, com um sorriso vitorioso.

Enquanto estávamos conversando e comendo, eu vejo Pieck passando, e assim que ela me vê, começa a caminhar rapidamente em direção a saída do refeitório.

- Esperem aí, tenho que resolver uma coisa. – disse, já me levantando do banco.

Reiner também a vê, e segura meu braço.

- Aurora, o que você vai fazer?

- Não se preocupe. Eu volto já.

Eu começo a andar rápido atrás dela, observando seus passos. Ela caminha em direção a um beco que quase ninguém passa, e eu a sigo até lá. Apresso mais o passo, chego perto dela, e a seguro pelo pulso.

Fila Ranqueada - Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora