Fila Ranqueada - Reiner Braun

Reconciliação

Acordei à tarde, atordoada pela hora irregular que dormi, e ao olhar para o lado ainda sonolenta, Reiner estava me observando.

- Bom dia, Aurora. Não queria te acordar.

Eu coço o olho com as costas das mãos, ainda um pouco desorientada.

- Que horas são?

- Duas da tarde.

- Tudo isso?! Preciso ir pro hospital ver o Jean! – Eu digo, tentando me levantar rapidamente da cama. Ao me sentar, Reiner me segura pelo braço, me impedindo.

- Calma, você não comeu nada desde ontem! Jean não vai a lugar nenhum, não precisa correr desse jeito! Eu estou preocupado com você!

- Você, preocupado comigo, Reiner? Me admira muito, sendo que estava aos abraços e beijos com a Pieck até um dia desses pelas minhas costas.

- Aurora, aquilo foi só um mal entendido!

- Sim, com certeza. – Disse, forçando um riso sarcástico. - Você parecia bem confuso naquelas imagens. Vai dizer o quê, que ela colocou uma arma na tua cabeça e te forçou a beijá-la? – Disse, a raiva já me consumindo por completo. Eu já tinha segurado aquilo tudo por muito tempo, todas aquelas coisas que queria dizer pra ele, toda a minha angústia e a dor pelo que ele tinha feito. - Eu confiava em você de todo o meu coração, eu te amei com tudo o que eu tinha, eu achei que você fosse diferente, mas você só fez a mesma coisa que todos os outros fazem.

- Aurora, por favor, você precisa me deixar explicar! Eu só fui um idiota!

- Não, Reiner, a idiota fui eu de acreditar em você!

Me levantei rapidamente e parti para o banheiro, dando com a porta na cara de Reiner, que vinha atrás de mim. Tranquei a porta e tirei a roupa, indo pra debaixo do chuveiro. Enquanto isso, Reiner falava do outro lado da porta.

- Aurora, aquilo tudo foi uma armação da Pieck, e provavelmente do Marco também. Ela comprou aquela pulseira que você tanto queria, e quando eu pedi pra comprar dela, ela disse que só me daria se eu desse um beijo nela. Eu juro que só a beijei pela pulseira, na hora não me pareceu uma ideia tão ruim... se eu soubesse que tudo isso aconteceria, eu teria deixado a merda da pulseira pra lá!

Eu ouvia tudo aquilo, incrédula.

Agora fazia sentido o que Annie disse sobre o Reiner no bar, dele ser idiota. Realmente, que motivo idiota pra uma briga desse tamanho...

Me lamentei por não ter deixado ele explicar tudo antes, mas mesmo assim, não dei o braço a torcer.

- E quem garante que essa história é verdade, Reiner? Claro que numa situação dessas você inventaria qualquer coisa pra se safar! – Gritei, de dentro do banheiro.

- Não sei, provavelmente não vai adiantar perguntar pra ela, pois ela com certeza vai querer me desmentir. Mas eu estou falando a verdade, Aurora! Poxa, a gente sofreu tanto pra poder ficar junto, você acha mesmo que eu faria uma idiotice dessas sem mais nem menos? Ok, eu posso mesmo ser um idiota, de ter caído numa armação imbecil dessas, mas eu juro, eu juro que te amo!

Continuo em silêncio. Não sabia exatamente o que falar sobre tudo aquilo.

- Quando eu vi você indo embora naquele navio, meu coração apertou, achei que você nunca mais voltaria. E não falo da viagem, claro. Falo sobre voltar pra mim. Voltar a sermos o que éramos antes de toda essa briga. Eu não conseguia parar de pensar nas coisas que poderiam estar acontecendo entre você e Jean, então eu simplesmente tentei afogar minhas mágoas nos braços de outra mulher, mas nada disso adiantou, e nunca adiantaria. Você diz que não está com Jean, mas você está diferente de quando saiu daqui. Quero que seja sincera comigo, do mesmo jeito que eu estou sendo sincero com você, agora.