Final

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Fiquei observando Jean caminhar para longe de nós e sair do refeitório, apenas imaginando o que poderia ter feito ele agir dessa maneira. Ele caminhava rápido para quem estava com o pé engessado, e isso me preocupava, pois o médico já havia dito que ele poderia andar, mas não forçar tanto, e nem andar demais. Continuei o seguindo com os olhos, o vendo do lado de fora do refeitório através das janelas de vidro, e depois, ele saiu de minha visão.

- Reiner, eu vou atrás do Jean. Já está quase na hora da aula, então muito provavelmente vou voltar com ele e vamos direto pra sala. A gente se vê mais tarde?

- Sim, eu vou na sua casa á noite. Até mais tarde, então.

Dou um beijo rápido nele, e parto em busca de Jean.

Não demoro muito a achá-lo. Ele estava sentado em um dos bancos da praça circular próximo do nosso bloco, passando a mão em um gatinho de pelos rajados que havia subido em seu colo. Provavelmente a perna deve ter doído, e ele preferiu não caminhar mais.

- Você quer acabar de foder a merda desse pé andando daquele jeito? Não vou ser sua babá pra sempre!

Ele olha na minha direção, e abre um sorriso fraco.

- Eu apanhei por sua culpa. Nada mais justo do que você cuidar de mim.

Apesar de ter sido apenas uma brincadeira, eu ainda me sinto mal por lembrar disso. Meu sorriso cessou, e ele olhou para mim, preocupado.

- Desculpa, Aurora, eu não...

- Tudo bem, de toda forma, é verdade. Você foi espancado por minha culpa. E eu acho que nunca pedi desculpas. Ao menos não com você consciente... – Disse, enquanto me sentava ao lado dele.

- E você andava falando enquanto eu estava desacordado?

- Bom... sim.

- E falava o quê?

- Se fosse pra você saber, eu falaria quando você estivesse consciente, né?!

Nós ficamos em silêncio por um tempo, enquanto ele continuava fazendo carinho no gato que dormia tranquilamente no seu colo.

- Jean, aconteceu alguma coisa? Por que saiu do refeitório daquela maneira?

Ele continuou com os olhos fixos no gato, e depois de um breve período, me respondeu:

- Eu vou demorar a me acostumar a ver vocês dois juntos. É, eu tô com ciúmes, e isso é uma merda.

Eu não sabia o que dizer para ele. Tinha sido justamente o motivo pelo qual eu pensei que ele havia saído praticamente correndo de lá, mas eu não sabia como reagir, o que fazer com relação a isso.

- Me desculpa. Eu vou tentar, sei lá... não ficar tanto de abraços e beijos com o Reiner. Eu sei que essas coisas machucam.

- Não, Aurora, você não tem que fazer nada disso. O errado dessa história inteira sou eu, e eu sabia exatamente onde estava me metendo quando me envolvi com você. Você não precisa mudar por minha causa, sou eu quem tenho que me acostumar e aceitar que nós nunca fomos feitos um pro outro. E talvez seja até melhor assim, porque por mais que eu te ame, não me vejo preso a nenhuma mulher. Talvez eu tentasse por você, mas não poderia garantir nada. Vai ser difícil, mas as coisas vão voltar a ser como eram antes de tudo isso, entre você e eu. Eu prometo.

Fiquei olhando para ele enquanto ele falava, e ficava imaginando se eu deveria ser egoísta a ponto de não pensar que o que ele sentia por mim o machucava, pelo simples fato de não querer abrir mão da presença dele. Não queria abrir mão dele, nunca, mas a que preço?

Fila Ranqueada - Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora