Recuperação

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Seguimos até a casa de Jean, e minha moto ainda estava do jeito que eu havia deixado na noite anterior. Chegar naquele local depois de tão pouco tempo do ocorrido me fez lembrar nitidamente de como tudo aconteceu. De como eles chegaram e nos abordaram, e de como nos levaram. Tentei afastar meus pensamentos daquela situação, afinal, não me ajudaria em nada. Subi na moto e Reiner subiu nela atrás de mim.

- É estranho um cara grande como eu estar sentado na garupa de uma moto dessa sendo pilotada por uma moça tão pequenininha quanto você. – disse, deixando um beijo na minha nuca. - A propósito, eu gostei do cabelo desse jeito. Você fica linda de todo jeito, na verdade.

- Você não está me bajulando muito?

- É pra compensar as duas semanas que não pude fazer isso.

Eu sorri, olhando pra frente, e dei a partida.

Chegamos na casa dele, e a comida chegou quase junto da gente. Ele trocou de roupa rapidamente, e almoçamos rapidamente também. Ele saiu da mesa depois de terminar, e foi até a garagem, voltando pouco tempo depois, com a pulseira na mão.

- Me dê seu braço.

Eu estendo meu braço direito pra ele, e enquanto ele coloca a pulseira, diz:

- Desde que eu peguei a pulseira de Pieck naquele dia, ela estava no meu porta-luvas. Todos os dias eu a observava, pensando no problema que esse pedaço de prata com rubis tinha me causado. Pensei várias vezes em jogá-la fora...

Ele termina de colocar a pulseira no meu braço, e eu a observo. Era realmente tão linda quanto era na vitrine.

- Ainda bem que não jogou. – Ponho a mão no seu rosto e dou um selinho em seus lábios. – Obrigada. O engraçado é que ela combina perfeitamente com o colar que ganhei de Jean. Enfim, vamos indo, não quero mais perder tempo.

Chegando no hospital, estavam os pais de Jean, Annie e Bertholdt. Dei um oi rápido para o Sr. E Sra. Kirschtein, e logo depois, me direcionei até onde Annie e Bertholdt estavam.

- Annie! O que aconteceu?! O que foi que você fez?

Ela olha pra mim, e vem em minha direção, me abraçando forte.

- Está resolvido, Aurora. Marco confessou, está na cadeia agora.

Saber que aquele maldito pagaria pelo mal que fez me deixava aliviada. Mas ao mesmo tempo, ele não confessaria de boa vontade. Eu me desvencilhei do abraço dela, e olhei em seus olhos, com uma sobrancelha levantada.

- É, mas o que você fez pra ele confessar? Pedindo com jeitinho é que não foi...

Ela olha para mim e Reiner, vira as costas e começa a caminhar.

- Venham, não quero falar disso aqui.

Nós a seguimos até a cantina do hospital, que estava meio vazia, sentamos em uma das mesas mais isoladas, e ela tirou o celular do bolso, dando play na gravação.

Era possível ouvir o choro desesperado de Marco enquanto ele falava com a voz tremida absolutamente tudo o que ele tinha feito, inclusive a armação da pulseira com Pieck. Ele parecia estar aterrorizado, assim como os dois homens presentes na mesa naquele momento, ouvindo aquela gravação. Annie estava sentada recostada na cadeira, de braços cruzados, e um sorrisinho vitorioso no rosto. Ao terminar a gravação, ela diz:

- Eu sei, sou foda pra caralho. De nada.

Aquilo não me admirava. Eu sabia muito bem do que ela tinha feito no passado, e do que ela era capaz. Reiner olhava pra ela, perplexo, e diria que até com medo, e Bertholdt parecia estar apenas confuso.

Fila Ranqueada - Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora