Confissões

43 7 8
                                    


As horas se passavam, mas meu nervosismo não diminuía. Não tive notícias de Jean desde que ele entrara no centro cirúrgico e Annie saiu do hospital pra fazer alguma coisa que eu tinha um pressentimento que não ia ser boa. Reiner não saiu do meu lado nem por um minuto, e eu agradecia por isso. Apesar de tudo o que tinha acontecido entre nós, ter ele do meu lado num momento como esse era importantíssimo pra mim.

Estávamos eu, ele, Bertholdt e os pais de Jean na sala de espera, e lá pelas quatro da manhã, o médico veio até nós.

- Vocês são os familiares de Jean Kirschtein?

Os pais de Jean levantam rapidamente, e eu faço o mesmo, apreensiva.

- Sim, somos os pais dele. – O pai de Jean responde, segurando as mãos da sua esposa.

- Eu sou Erwin Smith, Cirurgião responsável pelo procedimento do seu filho. Foi um procedimento um pouco complicado, e ele teve muitas lesões pelo corpo. Duas de suas costelas foram quebradas, e por pouco, não perfuraram o pulmão. Sua clavícula também foi deslocada, e o tornozelo direito quebrado. Felizmente, nenhum órgão interno foi gravemente atingido, mas decidi deixá-lo em coma induzido por dois dias, pelas dores fortes que ele viria a sentir nesse período. Ele está fora do risco de morte, e as próximas 24 horas são cruciais para a recuperação total dele.

- E onde ele está agora? Nós podemos vê-lo? – Perguntei.

- Ele está sendo transferido para a UTI neste momento, mas só pode entrar uma pessoa por vez, e passar, no máximo, dez minutos. Quando ele estiver pronto pras visitas, uma profissional virá avisá-los.

- Obrigada, doutor, por salvar nosso filho. – Disse o pai de Jean.

- Não precisa agradecer, apenas fiz o meu trabalho. – Disse o médico, com um sorriso acolhedor. – Qualquer coisa, podem me procurar. Eu vou indo, agora. Até mais.

O médico vai embora, e nós ficamos ali. Os pais de Jean se abraçam, aliviados pelo filho estar fora de perigo. Eu choro ainda mais agarrada a Reiner, enquanto ele me abraça forte. Nós voltamos a sentar nos sofás, e minutos depois, uma enfermeira avisa que Jean está pronto pra receber visitas.

- Por favor, moça, somos os pais dele. Não podemos entrar os dois juntos? – pergunta a Sra. Kirschtein.

A moça os observa por um momento, e depois responde:

- Tudo bem, vou fazer uma exceção para os dois. Mas lembrem-se que é apenas dez minutos.

Eles sorriem, agradecem a moça, e partem para o UTI acompanhados dela.

Eu fico com Reiner e Bertholdt na sala de espera, e pouco tempo depois, Bertholdt recebe uma ligação.

- É a Annie! – Diz ele, e atende o telefone.

Eu fico observando Bertholdt apreensiva, e momentos depois, ele faz uma cara de choque.

- Bertholdt, o que ela está dizendo? – Pergunto.

Ele levanta o dedo para mim, ainda meio de costas, pedindo para eu esperar um pouco.

- Annie, você foi o quê?! – eu vejo a boca dele se abrir lentamente, e eu fico ainda mais nervosa. – S-Sim, claro, eu vou aí agora mesmo. Por favor, não faça mais nada de imprudente!

Ele desliga o telefone, e fica encarando-o, com uma expressão de perplexidade.

- Bertholdt, fala! O que aconteceu? Onde ela está? – Perguntei, quase que gritando. Ele parece recobrar a consciência, e olha para mim.

Fila Ranqueada - Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora