Acerto de Contas

45 7 14
                                    


ANNIE P.O.V.

Eu cresci na periferia pobre de Paradis junto de meu pai, minha mãe, e meu irmão mais velho. Nós não tínhamos muitas condições, mas tínhamos comida e um teto, o que pra mim, já era o suficiente. Havia muita criminalidade na minha região, e eu cresci no meio desse caos.

Uma noite, quando eu tinha 8 anos, bandidos não identificados entraram na minha casa e mataram meu irmão, e minha mãe, que tentou entrar na frente para protegê-lo. Minha família não sabia, mas meu irmão era metido na criminalidade, e os bandidos foram atrás dele para um acerto de contas. No fim das contas, ficamos só eu e meu pai.

- Minha filha, se quisermos sobreviver neste mundo, devemos aprender a lutar! Nossas vidas não valem nada para as outras pessoas, mas se quisermos alguma melhora, precisamos correr atrás! As coisas não serão fáceis a partir de agora, e eu não queria ter que fazer isso com você, mas vai ser preciso. Você tem que aprender a sobreviver sozinha nesse mundo cruel!

Desde então, meu pai me ensinou tudo sobre lutas, e ele dizia que eu era muito boa nisso. Aprendi a manusear armas brancas e armas de fogo também. Assim que completei meus treze anos fui pega em um assalto frustrado e fui presa, e meu pai descobriu que eu estava indo pelo mesmo caminho que meu irmão. Ele foi na prisão, pagou minha fiança, e ao chegar em casa, meu pai me disse toda a verdade sobre ele.

Desde que minha mãe tinha morrido, minhas condições e as do meu Pai melhoraram muito, financeiramente falando. E então ele me falou o motivo disso. Ele virou assassino de aluguel para uma gangue grande de Paradis, liderada por um homem chamado Nile Dok. Meu pai ficou muito rico por isso, e eu fiquei transtornada ao descobrir tudo. Mas naquele momento, tudo fez sentido: ele me ensinar técnicas de combate, abrir trancas, usar armas... ele queria que eu aprendesse a me proteger, caso alguém descobrisse sua identidade.

E um dia, isso aconteceu.

Meu pai foi morto com vários tiros enquanto eu estava escondida no guarda-roupa, e eu vi toda a cena. Quando o assassino foi embora, meu pai ainda estava vivo, e eu consegui falar com ele, mas ele simplesmente me fez prometer que eu não procuraria vingança. Eu prometi, mas não mantive minha promessa.

Depois de tudo, fui atrás do patrão do meu pai, Nile, querendo entrar para a gangue, buscando vingança para o meu pai. Ele aceitou, e de uma forma deturpada, eu o considerava uma figura paterna, apesar de ele ser basicamente um homem que me mandava matar outras pessoas. Ele sempre me chamou de Anniezinha, mas eu não era uma criança, pelo menos não uma criança normal.

Com meus 18 anos, eu já havia descoberto tudo sobre o homem que matara meu pai, e eu estava finalmente pronta para minha vingança. O que eu não contava era que ele já esperava por aquilo, e após eu o matar, haviam pessoas me esperando para me capturar. Por pura sorte eu consegui fugir, e no meio da corrida, eu e esbarro com uma garota.

Uma garota que parecia ter minha idade, parecia estar voltando pra casa de algum lugar, cabelos pretos longos e olhos azuis. À primeira vista, ela se assustou com o sangue em minhas mãos e a faca também ensanguentada.

- O-O que está acontecendo?!

- Eu... vão me matar, eu tenho que me esconder!

Ela se levantou rapidamente e me ajudou a levantar, e corremos mais duas ruas juntas, e chegamos em uma casa.

- Jogue a faca no lixo, e vamos. – Ela disse.

Ela abriu a porta de sua casa para me acolher. Me deu roupas, comida, e eu não conseguia dizer nada. Não poderia dizer que tinha acabado de matar um homem, ela com certeza teria medo de mim, ou me entregaria pra polícia.

Fila Ranqueada - Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora