5. quando um novo mundo floresce

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N/A: Esse capítulo aqui também foi ideia da @DizzyCloud (perfil no Spirit)

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Naquela manhã, Alberto sentia que não poderia estar mais animado.

Aquele seria o primeiro dia em que seu pai o levaria para a ilha perto do continente e o garotinho mal conseguiu dormir em empolgação.

Se levantou muito cedo, cheio de energia, nadando pela caverna enquanto Ciara ria, divertida, e Bruno ainda tentava despertar totalmente. O pai era muito preguiçoso nas manhãs, e Alberto sempre achou aquilo engraçado.

Ciara fazia pequenos saquinhos com algas e peixes para que eles pudessem levar, assim como fizera no dia anterior. Alberto tinha ficado inconformado de que eles não puderam viajar, já que Bruno disse que na superfície estava acontecendo o que ele chamou de tempestade.

Eles não eram afetados por ela, já que moravam bem longe do continente e bem fundo no mar, mas o pai o havia dito que na superfície o céu transbordava com águas violentas e tinham correntes fortes que eram perigosas. Ele disse que o motivo de a água ficar escura como a noite em alguns dias era justamente a tempestade acontecendo no mundo dos humanos, e Alberto ficou impressionado de que ele conhecesse tanto lá em cima.

Mas aquele dia tinha amanhecido claro como nunca, então eles poderiam viajar, e Alberto mal cabia em si.

- ... e eu vou encontrar uma concha especial para trazer pra você, mamãe! - ele tagarelava, nadando em círculos ao redor da mesa, e Ciara afirmou com a cabeça.

- Me traga uma roxa, então. Um tom de roxo bem bonito.

- Ahn? Por quê?

- Porque assim, sempre que eu olhar para ela, vou me lembrar dos meus dois peixinhos aventureiros.

Alberto riu, olhando para o pai, que tinha o tom das escamas apenas um pouco mais escuro que as dele próprio.

- E assim, quando vocês estiverem longe, eu não vou me sentir sozinha.

Ao ouvir aquilo, Alberto parou de nadar e se aproximou da mãe, tocando no braço dela.

- Por que não vem com a gente, mamãe? Sei que também vai gostar da superfície. Então por que ficar em casa?

Ciara sorriu docemente, beijando a testa do filho.

- Eu prefiro ficar no mar, meu amor. Além do mais, os abraços de saudade são os melhores abraços, sabia disso?

- Verdade? - perguntou, curioso, porque ele sempre absorvia avidamente todo tipo de conhecimento que seus pais o ofereciam.

- Verdade - respondeu ela, sorrindo para o marido, que apenas observava a conversa deles com feições tranquilas. - Quando você ama muito alguém e essa pessoa vai para longe, você se sente muito triste sem ela por perto. A falta que ela faz parece ser tão grande quanto o Oceano. Então, quando ela volta e abraça você, é um abraço de saudade. Ele manda embora toda a tristeza e preenche o vazio que ela deixou.

- Ooohh... É como quando o papai volta de viagem e abraça a gente bem apertado que parece que vamos quebrar?

Bruno riu, se aproximando do filho e bagunçando as escamas da cabeça dele. Então o puxou para os braços e o apertou forte, rindo outra vez quando Alberto começou a se debater e a gritar.

- É, um abraço beeeeem apertado assim, de esmagar os ossos!

- Papai, me solta! - Alberto gritou, rindo. - Ainda não está na hora do abraço da saudade!

- É, verdade - o homem cedeu, soltando o filho. - Ele é só para quando estivermos voltando.

Os dois partiram não muito tempo depois, acenando por cima do ombro para Ciara.

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