18. quando conversas difíceis são necessárias

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A próxima parte do plano seria conversar com os pais de Luca. Não seria uma tarefa fácil, ele sabia perfeitamente, mas Alberto não iria desistir.

Ele esperou escondido até que Luca aparecesse em Portorosso na manhã do dia seguinte e, assim que o menino saiu da água, Alberto pulou nela e nadou para longe. Ele combinou com Giulia de que ela ficaria responsável por distrair Luca enquanto Alberto conversava com os pais dele, e já estava torcendo para que tudo desse certo.

— Alberto? — a mãe do amigo perguntou, surpresa, quando ele apareceu na entrada da casa deles alguns minutos depois.

Ele abriu um sorriso acanhado e Daniela devolveu com um simpático, se aproximando.

— O Luca acabou de sair daqui para ir te encontrar, querido.

— Eu sei, senhora Paguro, é que... Na verdade, eu vim até aqui para conversar com vocês.

Ela o olhou surpresa novamente, mas então apenas apoiou a mão no ombro dele e o guiou para dentro.

— Bem, então, venha fazer o desjejum da manhã conosco enquanto conversamos. E pode me chamar de Daniela.

Eles entraram e Alberto não conseguiu impedir seus olhos de viajarem para os detalhes da casa, como as plantas e algas ao redor do cômodo, as águas-vivas rosadas e fluorescentes no teto, os muitos siris no chão à sua direita onde o pai de Luca estava debruçado parecendo concentrado.

— Lorenzo — Daniela se aproximou do marido e o deu um tapinha no ombro. — Temos visita, venha para a mesa.

— Oh, Alberto! — o homem exclamou, se aproximando do mais novo com os braços esticados, puxando-o para um abraço inesperado que pegou Alberto completamente de surpresa. — Como vai, meu rapaz?

— Ahn, estou bem, obrigado, senhor Paguro — Alberto respondeu, meio desajeitado ao retribuir o contato.

— Pode me chamar de Lorenzo, filho.

Então se afastou para que pudessem se acomodar ao redor da mesa. O garoto olhou para a senhora de escamas rosadas ao lado dele e esperou, incerto, até que ela sorriu.

— Pode me chamar apenas de vovó — respondeu a pergunta muda, e Alberto sorriu de volta para ela.

— Sirva-se à vontade, filho. Vai ser bom ter companhia para o desjejum já que Luca praticamente engoliu a comida e saiu nadando, cheio de pressa — Lorenzo comentou, pegando um saquinho de algas da mesa.

Alberto agradeceu e fez como o orientado, apreciando aquela sensação diferente de se sentar à mesa e comer com outras pessoas naquele ambiente familiar. Ele tinha experimentado aquilo antes, na casa dos Marcovaldo, mas parecia diferente ali no Oceano.

Invocava memórias de um passado distante.

— Então, Alberto, sobre o que você quer conversar conosco? — perguntou Daniela, e ele usou o tempo da mastigação para pensar em como começar.

Então resolveu começar do início, e contou aos pais de Luca sobre como ele conheceu o amigo e tudo o que aconteceu desde então até o dia de ontem, na corrida. Contou a eles sobre como Luca ansiava por liberdade e que foi por isso que fugiu e fez todas aquelas coisas.

Ele não sabia se estava fazendo o certo ao falar sobre os sentimentos de Luca sem ele estar presente, mas se acalmou ao perceber que Daniela e Lorenzo já pareciam ter ciência daquelas coisas. Luca provavelmente já havia conversado com eles.

E então contou sobre o plano deles de saírem para conhecer o mundo e aquele parecia ser um detalhe que eles não sabiam ainda, pois ficaram muito surpresos quando Alberto terminou de falar.

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