| Capítulo 4

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Boa leitura!


"Tudo isso é culpa sua, Louise"

Em um piscar de olhos, parecia que o mundo ao redor de Louise estava se desintegrando e sendo sugado por um enorme buraco negro.

Diante daquela afirmação tão ingênua, a jovem não soube dizer o quanto seus olhos se arregalaram, mas sabia que fora o suficiente para crer que ambos iriam saltar da órbita. Também não soube medir ao certo com quanta força empurrou Édan na cama, quando este tentou impedi-la de se levantar. Muito menos precisar o momento exato em que saiu daquela casa, mancando e com vestes íntimas demais para andar no meio daquela vila, embora já fosse noite.

Apressada e com o coração a ponto de sair pela boca, Louise pisava firme sem saber ao certo em que direção ir. Por incrível que pareça, aquela Louise não sentia a dor, mesmo que pisar descalço naquele chão de pedra arrebentasse a planta de seus pés magros, e os movimentos afobados repuxassem todos os seus tendões e terminações nervosas.

Sob a luz da lua cheia e de alguns candelabros pendurados nas paredes, tentava achar naquele labirinto sem fim sua humilde casa. Ainda que sua cabeça pesada demais e sua vista coberta pela vertigem, a impedissem de enxergar o que estivesse a sua frente.

Ao fundo, conseguia ouvir as vozes de Édan e sua esposa pedindo para que ela voltasse e questionando o que significava tudo aquilo. Mas Louise não se importava. Nada mais importava para ela, além de sua irmã mais nova.
A irmã que viu nascer, crescer e se tornar uma adolescente brilhante e esperta, cheia de sonhos e dotada de uma bondade que ela mesma não teve a sorte de ter. A irmã que praticamente criou sozinha depois de ficarem órfãs, que alimentou e que ensinou tudo que sabia. Sua única família, que agora Louise nem sabia se ainda tinha.

Margot podia ficar sem ela, mas ela não podia ficar sem Margot.

A conexão entre suas almas nunca teria se perdido se naquele dia, Louise não tivesse sido enfeitiçada por aquela rosa.

Depois de tropeçar inúmeras vezes, quase ser vencida pela fraqueza de seus ossos e ainda tentar ser impedida por aqueles que a conheciam e mesmo sem forças afastá-los ferozmente como uma leoa tentando proteger seus filhotes, finalmente Louise enco...

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Depois de tropeçar inúmeras vezes, quase ser vencida pela fraqueza de seus ossos e ainda tentar ser impedida por aqueles que a conheciam e mesmo sem forças afastá-los ferozmente como uma leoa tentando proteger seus filhotes, finalmente Louise encontrou algo que lhe parecia familiar.

A porta de sua casa.

Estava bem ali, com algumas calêndulas murchas nos vasos que a princípio eram para formar uma bela decoração na porta daquela casa modesta, mas que naquele estado apenas enfatizavam mais a melancolia daquele lugar, que um dia já foi um lar.

A jovem com toda a força que por um milagre ainda lhe restava, seguiu sem pensar duas vezes. E agora, todo o resto de sua vida certamente seria decidido ali mesmo quando abrisse aquela porta.

The Spell | Albafica de Peixes Onde histórias criam vida. Descubra agora