Postando correndo só pra matar a saudade de vcs, mas depois eu volto pra concertar os erros 🥺🤎
Natalzou hehehe🤶🏾🎄
Boa leitura
Na tarde que antecedia a partida dos jovens, Albafica caminhava por entre as prateleiras da - vazia- biblioteca, observando cada exemplar e apreciando o cheiro bom e familiar que os livros tinham.
Seus olhos se fechavam para recapitular cada história que havia lido naquela biblioteca, enquanto Louise ora divagava, ora apreciava um quadro pendurado na parede, ora escrevia algo, ora espanava uma prateleira.
Sentiria falta desses momentos sendo uma pessoa "normal" e comum, tendo a vida mais tranquila e respeitável que um ser humano poderia ter.
Seus dias de patrulhamento, treinos e missões voltariam. Em contrapartida os de solidão iriam embora. Se questionava se Louise iria gostar do ambiente silencioso da casa de peixes, ou se também acharia bonito o seu jardim de rosas diabólicas, tanto quanto achava os outros. Mesmo assim, estava feliz porque finalmente seria alguém que era capaz de conviver com uma pessoa e ama-lá sem sentir culpa ou medo.
– Não acha intrigante que tenhamos nos conhecido nesta biblioteca e agora estamos nos despedindo dela? - perguntou Albafica para Louise, que estava do outro lado da prateleira
– Francamente não muito. Seria mais intrigante se o contexto fosse: nos conhecemos aqui e agora estamos nos despedindo aqui.
– Hum, de fato - concordou o rapaz
– Sentirá falta daqui? - indagou Louise curiosa em saber
– Eu acho que sim. A vida que tive aqui foi no mínimo muito pacífica para alguém como eu - explicou passando do outro lado da prateleira e indo de encontro a Louise –. Você sentirá?
A jovem refletiu e desviou o olhar, manuseou alguns livros e só então respondeu:
– Eu vou guardar boas lembranças.
°°°
Depois do último passeio pelo comércio e pelo lago, ambos voltaram para casa exaustos e cheios de sacolas. Louise queria se banhar, no entanto Albafica havia percebido algo que sempre lhe chamava a atenção: a lua. Brilhante e majestosa. Única para aquela ocasião. Obviamente ele insistiu para que subissem no alto do morro e se deleitassem com a brisa noturna e a bela visão da lua.
Albafica sempre insistia para que fossem apreciar a lua quando ela estava tão suntuosa como naquela noite. Segundo ele, no santuário, não era possível ter uma vista tão plena da lua e de toda a paisagem natural do vilarejo, como era possível ali em Monteriggioni e principalmente de cima do morro. Além disso aquele lugar era excelente para relaxar e colocar os pensamentos em seu devido lugar. Era um dos melhores momentos os quais ele podia desfrutar.
O cavaleiro preparou a lamparina e pegou na mão de Louise, e juntos subiram morro acima para relembrar os velhos e bons hábitos que tinham, desde que passaram a viver juntos.
Albafica posicionou o objeto entre eles e colocou sua mão por cima da de Louise, por trás.
– Não é relaxante isso? - indagou o cavaleiro -. Me agrada apreciar noites como esta.
– É de fato bastante terapêutico - concordou fechando os olhos e sentindo a frescor da noite beijar seu rosto.
Havia um sentimento de nostalgia quando, como no primeiro dia de Albafica ali, enquanto voltava da biblioteca Louise o avistara ao longe naquele mesmo lugar admirando a paisagem e a vila logo abaixo. Após isso as noites que foram sempre ali, rindo e se conhecendo. O amuleto de safira azul - que o cavaleiro fazia questão de exibir abrindo os dois primeiro botões da camisa - também fora ali. Era o local onde os dois se uniam e preenchiam as lacunas vazias dentro de seus corações.
– É romântico - comentou Louise
– É sobre nós - completou Albafica
De fato, dizia respeito somente a eles.
Os olhares se encontraram em sintonia. As respirações se tornaram mais velozes e as mentes gritando somente uma coisa.
As mãos se entrelaçaram e os rostos se aproximaram como imãs no mesmo instante.
O gosto familiar e o calor reconfortante vieram como um choque. Uma galáxia inteira estava dentro daquele beijo e eles queriam explorar mais. Por toda a noite se fosse necessário. Era uma natureza desconhecida e instigante, recheada de sensações novas que davam abertura ao mais puro instinto reprimido.
O cavaleiro a trouxe para mais perto e Louise descansou seu rosto na curvatura do pescoço de Albafica, depositado um delicado selar ali.
Pensar que afetos tão comuns e naturais poderiam fazer parte dos seus dias lhe transformavam em um homem completo. Inteiramente completo.
De acordo com os gregos, umas das três definições para a palavra "amor" trata-se do amor ágape. Os gregos usavam o substantivo ágape, para descrever um amor incondicional, baseado no comportamento com os outros, sem exigir nada em troca.
Quando pensava nessa forma de amor, Albafica se surpreendia no quão superior às outras formas esta era. Pensar no amor como um mero sentimento de atração ou um desejo ardente, era ínfimo demais para tudo que Albafica sentia desde o primeiro segundo em que encontrou os olhos de Louise.
Doar-se para ela e se sujeitar a tantas coisas as quais se sujeitou, era a maior demonstração de amor. Maior do que qualquer ato carnal.
Ele poderia detestar Louise em algum momento da vida que levariam juntos no santuário, mas continuaria se comportando de maneira a se certificar de que ela estaria bem e segura. Porque isso é o verdadeiro amor para Albafica.
O amor é o que o amor faz. E Albafica fez tudo por Louise. Agora ela faria tudo por ele. Porque o amor é isso: é amar mesmo quando não há motivos para amar.
Partindo desse princípio, o cavaleiro já amava Louise sem nem se dar conta. O contrário era verdadeiro.
No entanto, essas reflexões poderiam ser deixadas para depois, pois o que pensamos ou no que acreditamos não tem muita importância. A única coisa relevante é o que fazemos, e naquela noite Albafica queria mostrar que seu objetivo ali havia sido concluído. Desde o dia em que insistiu para que ficasse, seu intuito era fazer com que Louise voltasse a ser a pessoa virtuosa a qual ele tinha nos braços naquele momento.
Apreciar cada detalhe dela antes que suas vidas ficassem um pouco mais corridas, lhe parecia perfeito para aquela noite…
Entre beijos e carícias, que como na vez em que Albafica depositou um selar em sua mão e somente a lua e a lamparina foram testemunha, os dois se despediram daquele lugar.
End.
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The Spell | Albafica de Peixes
RomanceEsta trama se passa na Itália do século XVIII, quando o Cavaleiro de Ouro de Peixes daquela geração, Albafica, em um duelo com um espectro de Hades acaba por um descuido atirando uma de suas rosas diabólicas na direção contrária a de seu oponente, a...