| Capítulo 42

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Boa leitura


Não houve necessidade de responder àquela pergunta. Aliás, sequer houve tempo. No mesmo instante que Manigold soltou tais palavras, Albafica pegou Louise pelo pulso murmurando um " já chega" e começou a subir a escadaria apressado levando a moça consigo. Câncer não disse mais nenhuma palavra e a partir dalí, ambos entenderam que ele já havia descoberto tudo.

Com os ânimos exaltados e o suor frio correndo pela nuca, Albafica entrou na décima segunda casa atropelando tudo que via pela frente, guiando Louise até o quarto.

- O que houve entre vocês? - perguntou a jovem se sentando na cama e juntando as pernas uma á outra por baixo da saia do vestido

O cavaleiro passou as mãos pelo rosto parecendo preocupado. Estava impaciente e com raiva, raiva de si mesmo por não ter conseguido chegar a um acordo e deixado que as coisas levassem o rumo que levaram.

- Era para termos treinado hoje, mas ele chegou na arena bêbado e agressivo. Queria saber de tudo: onde eu estive, por que você voltou sendo que todos achavam que estava morta, por que estávamos juntos e como estávamos juntos considerando o veneno em meu sangue. Acabamos nos desentendendo, mas ele deduziu tudo - suspirou, andando de um lado para outro.

- Está me dizendo que ele descobriu que também sou resistente ao veneno?

- Sim.

Louise pensou por alguns minutos brincando com a manga do vestido. O fato de Manigold ter uma personalidade impulsiva poderia ser um problema em relação aos moradores do vilarejo, caso ele resolvesse contar tudo para aliviar sua frustração ou dar o troco em Albafica por ter lhe escondido tantas coisas. Mas embora esse lado impulsivo fosse muito evidente no cavaleiro, Louise não acreditava tanto que ele fosse contar para todo mundo.

- Eu disse a ele que não iria falar nada sobre isso, pois não envolvia somente a mim. No entanto, acabei deixando muito fácil para que ele fizesse suposições do que seria realmente.

- Poderia ter contado uma mentira - sugeriu ingênua

- Não, não poderia mentir para ele outra vez. - negou sentindo a boca amargar por se lembrar das palavras do companheiro mais cedo -. Às vezes eu tenho atitudes egoístas que decepcionam pessoas que se importam comigo.

- Manigold ficou agressivo com você porque estava chateado?

- Infelizmente - suspirou

- E isso também explica seu pescoço e rosto vermelhos?

- Sim.

Abaixou sua cabeça pensativa, seu cavaleiro deveria estar magoado por ter deixado Câncer desapontado com sua omissão de verdades. Não fora proposital, mas ainda assim houve rastros de indiferença para quem deixou para trás no meio de tudo isso.

- Mas agora que ele já sabe não temos muito o que fazer - disse o cavaleiro sem escolhas -. Sinto muito.

- O fato de ele saber não me preocupa por mim e sim por você - respondeu calma.

- O que? - sussurrou sem entender

- Mesmo que tentássemos esconder, era certo que uma hora ou outra todos os outros iriam descobrir. Eles são tão espertos quanto Manigold - afirmou -. Lá no fundo nós dois já sabíamos que isso seria quase impossível de ficar encoberto totalmente. Não nos faltou cautela.

- Sim, tem razão.

- Pois bem, não podemos evitar a verdade - concluiu -. A única coisa que me preocupa mais é que as pessoas do vilarejo saibam, mas ao mesmo tempo, penso que está tudo tão diferente, pode ser até que seja uma preocupação boba...

The Spell | Albafica de Peixes Onde histórias criam vida. Descubra agora