Boa leitura
Albafica despertou quando ouviu os passarinhos cantando do lado de fora. Nem se lembrava ao certo em que momento havia dormido na noite passada, mas não estranhou quando abriu os olhos e se deparou sentado em uma cadeira ao lado da cama de Louise.
Ele havia colocado a cadeira de frente a cama para que pudesse monitorá-la durante toda a noite, entretanto estava tão cansado que acabou pegando no sono sem nem perceber, e felizmente acordou antes de Louise.
Assim que saiu do quarto da jovem, depois de se certificar que não havia nada anormal e que logo ela também despertaria, Albafica se dirigiu para o seu próprio aposento e se sentou na cama, dando um suspiro longo e profundo.
Colocou a destra no ombro esquerdo fazendo uma massagem. Dormir na cadeira tinha feito suas costas se retorcerem em várias posições nenhum pouco confortáveis, mas foi por uma boa causa. Graças a isso, não passou um sequer tormento pela cabeça de Louise e ela pôde descansar serenamente.
Pensando bem era uma boa troca, porque Albafica não se incomodava de ter que dormir ao lado de Louise. Pelo contrário, ele se sentia perfeitamente bem.
Era incontestável que um mínimo contato com Louise o fazia ficar nas nuvens por se sentir tão vivo e pertencente a algum lugar. A solidão o fizera ficar desesperançoso e pessimista no que se referia a socializar-se e envolver-se com alguém, mas não significava que ele era alguém indiferente por dentro. Ele sentia o vazio com toda a força e suportava calado.
Quando seus colegas próximos de patente vez ou outra comentavam sobre suas aventuras fora do santuário, ele não podia evitar sentir uma ponta de inveja por eles terem o privilégio de ter tudo que ele não podia. Era ruim ouvir e se lembrar que nunca teria o mesmo, pois se tentasse poderia matar alguém sem nem precisar sacar uma rosa.
Contudo, ele nunca desejou não ter o sangue envenenado de peixes - apesar das dificuldades de aceitá-lo no começo - . Albafica era orgulhoso da herança de peixes e faria o que fosse preciso para manter a linhagem. Mesmo que fosse necessário morrer sozinho.
Todavia, por outro lado, Louise estava completando boa parte em si que era completamente vazia, sem nem se dar conta.
Todo aquele céu cinzento, dias frios e noites tempestuosas, iam dia após dia tomando cor e se tornando calorosos, à medida que o laço que os unia ia se tornava cada vez mais forte. Talvez nem mesmo o próprio Albafica tinha plena noção do espaço amplo que Louise estava preenchendo com seus gestos, risadas, palavras, com sua companhia, no entanto aquilo era um fato incontestável.
Enquanto estava com Louise ele não sentia medo de ser quem era, não temia por ferí-la. Sentia que ela lhe deixava livre e de certo modo lhe dava coragem para abraçar o novo mundo que se mostrava diante de si.
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The Spell | Albafica de Peixes
RomanceEsta trama se passa na Itália do século XVIII, quando o Cavaleiro de Ouro de Peixes daquela geração, Albafica, em um duelo com um espectro de Hades acaba por um descuido atirando uma de suas rosas diabólicas na direção contrária a de seu oponente, a...