Vinte e cinco

3.8K 324 175
                                    


Com o término do treino, Bruno se dirigiu ao prédio da delegação brasileira correndo como nunca havia feito na vida.

Ele a procurou por cada cômodo do apartamento.

E ao realizar que Ísis não se encontrava no pequeno ambiente, o levantador se desesperou.

Já era tarde da noite, uma mulher bonita, jovem, sozinha em um país totalmente desconhecido, sem poder contar com o idioma, muito menos com as pessoas.

Aquilo poderia não terminar bem...

–Já tentou ligar pra ela? Sugeriu Douglas ao ver a angústia do companheiro

–Só da caixa postal. Irritado, passou às mãos pelos cabelos

–Até agora não entendi o que aconteceu Bruno. Pontou confuso

–Renan ameaçou afastar Ísis da equipe.

–Não acredito! Exclamou alto –Achei que vocês estivessem conversando sobre a lesão, não me pareceu uma briga.

–A imprensa assistia o treino, o que ele menos queria era causar uma cena Douglas.

–Mas isso pareceu pouco para fazê-la sair tão abalada assim... Tem certeza de que foi só isso? Perguntou sugestivo, como se já soubesse da resposta

Bruno massageou as têmporas, visivelmente abalado.

–Ele também deu a entender que minha intenção é usá-la, e depois me livrar dela, como se Ísis fosse algum tipo de objeto. Falou Indignado

–E é essa sua intenção? Perguntou sério

–É óbvio que não Douglas! Exclamou ofendido –Estou apaixonado por ela.

Douglas o olhou incrédulo.

O fato do capitão da equipe estar apaixonado, e assumir aquilo sem preocupações ou restrições, parecia impossível.

Fora da realidade.

Nem mesmo Bruno acreditava no que acabara de sair de sua boca.

Ele finalmente havia tido coragem de dizer aquilo em alto e bom som.

–É, eu a amo Douglas. Afirmou –E nada nem ninguém vai me fazer desistir dela.

–Isso pode custar a carreira de ambos Bruno...

–Pouco me importa se vai custar minha carreira. Já conquistei todos os títulos possíveis na história do vôlei. Sem Ísis, não tenho nada.

O jogador suspirou fundo, como se todo ar ao redor de si fosse acabar em pouco tempo.

–Calma Bruno! Você precisa respirar! Exclamou desesperado vendo a situação do amigo

–Calma Douglas!? Já são onze da noite, e sabe-se lá onde Ísis se enfiou! Como quer que eu mantenha a calma diante dessa situação!? Retrucou explosivo

–Não entendo como você quer que Renan trate Ísis como adulta se você mesmo não faz isso... disse simples

Bruno encarou o amigo que tranquilamente o dirigia a palavra.

–Ela já é maior de idade... sabe o que faz, e você a trata como se fosse uma criança. Isso é uma via de mão dupla Bruno, sei que a diferença de idade entre vocês é razoavelmente grande mas você não é o pai dela!

Aquilo fora como um tapa no rosto do levantador.

Por mais que Ísis o amasse tanto quanto ele a ama, aquilo nunca seria o mesmo sentimento.

Ele tinha um senso protetor quando se tratava dela.

E por ser nova demais, a garota jamais poderia entender ou retribuir aquilo que Bruno sentia.

Ainda mais por seu péssimo histórico em relacionamentos.

–Agora você precisa ter calma acima de tudo. Ela não tem outra escolha a não ser voltar...

–E se ela não voltar? Perguntou com os olhos cheios d'água

–Ela vai. E você vai estar aqui, esperando pacientemente por ela. Tentou tranquilizar o amigo

–E quando Ísis perceber que você esteve aqui todo esse tempo, por ela... vai cair em si de que o que vocês tem é real. E nada nem ninguém poderá acabar com isso. Concluiu fazendo com que Bruno ficasse um pouco menos tenso.

–Acho melhor eu ir dormir no apartamento dos meninos, porque isso só pode terminar em duas coisas... Briga ou sexo. E eu espero muito que seja a última opção...Disse Douglas tentando descontrair  

Bruno soltou um riso sem graça

–Obrigada Doug, você é um grande amigo. Agradeceu vendo o jovem jogador sair pela porta do apartamento

E mais uma vez, Bruno estava sozinho ali.

Preso em seus conturbados pensamentos...

___________________________

Espero muito que estejam preparadas pro próximo capítulo... só digo isso à vocês...

Coworker | Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora