Vinte e sete

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Batidas ríspidas na porta do apartamento fizeram com que Ísis acordasse assustada.

Atordoada, a garota que a segundos dormia tranquilamente, teve de se desvencilhar silenciosamente dos grandes braços do capitão da seleção.

Enquanto se vestia com a primeira camisa do jogador encontrada pela frente, escutou mais uma vez as incessantes batidas na porta.

–Já vai! Irritada, exclamou em um sussurro.

Ainda sonolenta, ao abrir a porta do pequeno ambiente, a garota deparou-se com a figura de seu pai.

–Vergonhoso... Julgando-a, Renan mediu a filha de cima a baixo

–O que você quer pai!? Perguntou Ísis ao passar as mãos pelo rosto –São 8 da manhã!

–Te liguei diversas vezes, mas ao que parece você esteve muito ocupada durante esse tempo...

Ela revirou os olhos em resposta, cruzando os braços frente à seu corpo em seguida.

–Você tem 5 minutos pra se aprontar.
Os diretores técnicos te esperam na sala de reuniões.

Assim, sem muitos detalhes, o treinador deu-a as costas, caminhando pelo extenso corredor à frente.

–Ah! Diga a Bruno que o dei bom dia...Disse o homem ao virar-se novamente em sua direção.

–Avise-o também que é melhor estar
atento no jogo hoje... Se não, já tenho à quem culpar. Pontuou seco, sumindo de vista logo em sequência.

O dia de Ísis mal tinha começado e ela já estava fodida de diversas as formas possíveis.

(literalmente...)



–Essa cara não se parece com a de quem deu pra um gostoso a noite toda... Disse Douglas ao ver a moça se aproximar

Ísis ocupou o lugar vazio à frente do amigo na mesa, suspirando derrotada.

–Acabei de ser suspensa do jogo hoje. Pontuou vendo o sorriso engraçado do ponteiro desaparecer.

–O que!?? Você só pode estar brincando comigo! Exclamou incrédulo

Desanimada, ela negou com a cabeça.

–Queria que fosse algum tipo de brincadeira doug. Respondeu triste

–Mas foi assim? Do nada!?

–Aparentemente apresento distração aos jogadores em quadra... Foi essa a justificativa.

–Como se você tivesse culpa de ser gostosa. Pontuou Douglas tentando anima-la, falhando miseravelmente

Ísis sabia que de certa forma seus superiores tinham razão.

Desde que chegara, a jovem realmente havia sido uma distração ao capitão da equipe.

Mas o que poderia fazer!?

Ela realmente não era culpada pelos sentimentos de Bruno por ela. Até porque, resistira ao máximo à possibilidade de algo entre eles.

–Acha que isso tem algo a ver com sua relação com Bruno? Perguntou preocupado

Com tristeza, Ísis assentiu.

–E como sabem de vocês!?

Ela soltou um riso nasal, como se aquilo estivesse óbvio

–Qualquer pessoa em sã consciência percebe que nossa relação ultrapassa a barreira profissional Douglas.

–Realmente, vocês exalam tensão sexual...

Douglas finalmente conseguira arrancar um pequeno e moderado sorriso do rosto da amiga.

–Você gosta mesmo dele não? Questionou fazendo-a suspirar alto

–Se apenas isso bastasse, as coisas seriam tão mais fáceis...

Os dois ficaram em silêncio por algum tempo.

–Sinto que se continuarmos com isso, um dos dois vai acabar por se machucar muito no final. Confessou ela

–Não quero fazê-lo abrir mão de nada, muito menos do vôlei, sei bem o quanto ele se dedicou para estar nesse patamar.

Ela suspirou nervosa em meio à fala

–Bruno está disposto à desistir de tudo por mim... Mas não quero que isso aconteça! Sei que se arrependeria profundamente dessa decisão.

Ísis balançou a cabeça a fim de afastar todos os sentimentos ruins à sua mente.

–Tá tudo tão confuso Doug... disse cabisbaixa

Douglas a encarou sério.

–Não Ísis, não tem nada confuso aqui. Pra mim as coisas estão bem claras... você só precisa se permitir! Exclamou sério

–Ele realmente está apaixonado por você. E confesso, nunca imaginei vê-lo assim em todos esses anos de amizade. Sei que está com medo de se machucar de novo, como no seu antigo relacionamento, mas Ísis... É mais fácil você o partir o coração do que Bruno o seu.

Agora mais que nunca, Ísis tinha plena e total certeza de que aquilo era real.

Claro, ela tinha receios...

Um deles, pontuado por seu pai na discussão à três tarde passada.

A diferença de idade fazia não só ela, mas todos pensarem que aquilo não passava de uma distração ao atleta.

Distração essa que logo perderia a graça.

Mas no fundo, a garota tinha certeza de que aquilo era real...

E só precisava deixar-se permitir.

Coworker | Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora