Coworker | Bruno Rezende

Trinta

Do banco de reservas, Ísis tinha o olhar vidrado no treinamento que acontecia a sua frente.

Sejamos sinceros, o treinamento em sí não era o que mais chamava sua atenção naquele momento...

Mas sim, o camisa 1 da equipe.

Ela gostava da forma com que Bruno assumia seu papel como capitão da equipe.

Sua empatia e vontade de ajudar as próximas gerações do vôlei faziam presença no rapaz, que cuidava carinhosamente dos membros mais novos da equipe, como Douglas por exemplo.

Além do mais,  Bruno era como um Deus grego vestindo o uniforme com as cores da seleção.

Tudo se fazia harmônico nele.

Desde os fios de cabelo bagunçados, até seus braços fortes e coxas torneadas.

Porém, vê-lo atuando como central ao invés de levantador em um treino divertido, era o que a fazia sentir arrepios na espinha.

A força com que ele tava tapas na bola poderia facilmente desentortar as costas de vários jovens com escoliose no país...

–Zi, vem cá. Chamou o treinador fazendo-a despertar do transe em que se encontrava

Renan se encontrava no centro da quadra ao lado dos demais jogadores da seleção.

A garota estranhou porém obedeceu a ordem, caminhando até a equipe em seguida.

–Preciso de sua ajuda. Pontuou o homem fazendo-a franzir o cenho

Curiosos, os jogadores se entreolharam.

–Você costumava a jogar como líbero né? Questionou já sabendo da resposta

Receosa, Ísis assentiu com a cabeça.

–Ótimo. Pontuou satisfeito –Thales não se sentiu bem pro treino de hoje então demos um descanso ele.

Naquele momento, ela já sabia da enrascada em que se metera.

–Vai ser nossa líbero do dia! Exclamou fazendo com que todos ali caíssem na gargalhada

–Você só pode estar de brincadeira. Ironizou Lucarelli

Renan negou com a cabeça

–Sério isso!? Perguntou o ponteiro incrédulo

–Seríssimo. Respondeu simples, enfatizando o riso dos atletas

–Não entendi a graça. Pontuou a fisioterapeuta, fazendo com que o som das risadas cessassem. 

–Nada... respondeu o moreno tentando conter um sorriso irônico

–Lucarelli Lucarelli... jamais duvide da minha capacidade...

–Veremos... desafiou ele –Só prepara a cabeça pra levar bolada! Exclamou com a bola em mãos, partindo para o outro lado da quadra.

Com os times devidamente divididos, Lucarelli partiu para o saque.

Ísis recepcionou, Bruno levantou e Douglas atacou. 

Ponto.

–BOA CARALHO. Gritou o capitão da equipe

–É... até que dá pro gasto zizi.

–Osh, que intimidade é essa Lucarelli? Questionou Douglas fazendo todos rirem.

–Não tem graça não gays, zizi é somente pra membros da família...

–E você é Dal Zotto desde quando glinhas? Perguntou Bruno

–Estou no meu direito! Serei padrinho das suas pestes, me respeite homem.

–E ele é alguém pra falar alguma coisa Douglas!? Foi a vez de Ricardo questionar

–Não sou Dal Zotto mas sou da família. Piscou o levantador em resposta

–O jogo. Lembrou ela sem jeito após a fala de Bruno

De fato, os dois eram algo.

Porém, não todos da equipe estavam cientes do que acontecia entre os dois.

E Ísis até preferia que fosse assim...

Sua chegada à comissão técnica da equipe já havia sido muito questionada pelo exorbitante fato de carregar consigo o sobrenome Dal Zotto.

Questões sobre nepotismo foram levantadas mesmo Ísis sendo uma das melhores profissionais na área.

A exposição de um relacionamento com o capitão da seleção brasileira de vôlei não era mais um fardo que ela gostaria de carregar no momento.

De uma maneira profissional, é claro. 

Percebendo que a equipe adversária se preparava para mais um saque, a moça balançou a cabeça a fim de espantar  seus pensamentos ruins.

Ao longo do jogo, Ísis parecia se entrosar cada vez mais com os companheiros do grupo.

Ela de fato fazia um bom trabalho atuando naquela posição.

Tudo parecia correr bem... até que dispersa, foi atingida por uma bola na velocidade da luz.

Apagando no chão em seguida.

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Por Deus, trinta capítulos já!?