Vinte e quatro

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–BRUNO CARALHO! PRESTA ATENÇÃO NO QUE TÁ FAZENDO PORRA. Exclamou o treinador chamando sua atenção

–Estou fora de posição Renan, o que quer que eu faça!? Respondeu irritado

–Se vira, dá seus pulos. Você não é o capitão dessa equipe!? Atue como tal. Retrucou ríspido

A seleção tinha se divido em duas durante o treinamento em quadra.

Time juventude contra o time experiência.

Todos estavam presentes durante os preparativos finais antes do último jogo da fase de grupos das olimpíadas, contra a França.

Até mesmo Ísis, que observava do banco de reservas o conflito entre seu pai e Bruno.

Vendo que aquilo não estava funcionando, o treinador pediu tempo para que pudesse reorganizar as equipes.

Aproveitando-se disso Bruno caminhou até a fisioterapeuta, que segurava algumas de suas fatídicas toalhas sempre utilizadas durante os jogos e treinamentos.

–Tá tudo bem? Perguntou entregando uma das toalhas a ele

Bruno circulou os ombros balançando a cabeça pro lado, típico do jogador.

A esse ponto, Ísis já sabia da resposta.

–Seu pai me tira do sério as vezes. Pontou ao enxugar o suor com a toalha

–Sorte sua ser só as vezes. Ironizou

–Não consigo nem imaginar estar no seu lugar... Brincou ele

–Garoto, você é filho do Bernardinho! Meu pai é um anjo perto do seu! Exclamou engraçada

–Seu sogro ficaria muito triste em saber que pensa assim dele...

–Sogro!? Perguntou surpresa, e então analisou suas mãos. –Da última vez que chequei ainda não tinha nada em meus dedos...

Mostrou as mãos vazias a ele.

–Isso pode mudar em breve... basta você aceitar. Sugeriu ele

Renan os observada de longe.

–O papo dos dois aí vai bem pelo visto. Interrompeu-os irritado

–Oxe, só estou pegando instruções com minha fisioterapeuta, não posso? Debochou Bruno

–Pensa que me engana Rezende? Disse se aproximando dos dois a fim de evitar uma cena.

–Essa é a primeira e última vez que chamo sua atenção Ísis. Seu trabalho é ser única e exclusivamente fisioterapeuta, não me importa se é do Bruno, ou da equipe toda. Renan respirou fundo.

–Não é de hoje que vejo você tirando a concentração dos meus jogadores, principalmente do meu capitão. Não é porque sou seu pai, que você pode fazer o que quiser aqui.

–Você fala como se eu só estivesse aqui por mérito seu. Muito pelo contrário, se estou aqui é porque sou boa no que faço, não porque sou filha do treinador. Retrucou visivelmente abalada

–Não me importa se você está aqui por mérito ou nepotismo. Pontuou ríspido

–Se mais uma vez atrapalhar meu treino, ou meus atletas, serei obrigado à pedir seu afastamento da equipe.

–Mas... Tentou Bruno

–Silêncio Bruno, meu assunto não é com você.

–Estamos entendidos!? Perguntou

Com os olhos cheios d'água, a garota ficou em silêncio.

–Estamos entendidos Ísis? Perguntou mais uma vez, pressionando-a à responder.

Naquele momento, Ísis lutava contra o choro com cada pequena célula de seu corpo.

–Sim. Sussurrou baixo

–Ótimo. Concluiu ele

–E você? Se referiu a Bruno.

–Dá próxima vez que quiser fazer uma vítima, iludindo-a assim, procure alguém do seu tamanho. Sei bem o seu jogo capitão, já tive a sua idade. Disse por fim, afastando-se dos dois

–BOLA ROLANDO. Gritou fazendo com que o treinamento continuasse

Abalada com tudo aquilo que acabara de ouvir do pai, Ísis não aguentaria ficar nem mais um segundo dentro daquele centro de treinamento.

A garota então, em meio às lagrimas, juntou suas coisas e saiu sem rumo pela cidade totalmente desconhecida.

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Alô cleitinho!? A casa caiu...

Coworker | Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora