Quarenta e um

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–O que acha de Bernardo? Gosto da ideia de homenagear seu pai.

–Não estaria sendo sincero se dissesse que gostaria de fazer o mesmo com o seu... declarou engraçado, arrancando um riso abafado da noiva. 

Após uma longa madrugada, os dois ali deitados discutiam possíveis nomes para o filho que Ísis gestava.

A cabeça da fisioterapeuta se apoiava no peitoral do atleta, que por sua vez tinha as mãos envoltas pelos fios de cabelo da moça. Exaustos, ambos tinham seus corpos desnudos envoltos pelos lençóis macios da cama.

–Então você gosta de Bernardo? Questionou otimista

–Bernardo Dal Zotto Mossa de Rezende...
Isso soa muito bem aos meus ouvidos. Declarou radiante –E se for menina!?

–Dentre as opções, Liz e Dara são os que mais gosto. Sugeriu a ele

–Caralho, eu adorei! Bruno exclamou em resposta

–Sou uma mulher de bom gosto Bruno. Piscou para o atleta que deu uma gargalhada

–É claro, olha só pro pai do seu filho!

–Não posso negar que fui perspicaz em minha escolha...

–Eu sinceramente não sei o que seria de mim se você tivesse decidido por não me escolher. Confessou

Surpresa com a declaração Ísis levou seu olhar ao dele, levantando levemente a cabeça.

Em silêncio e com uma expressão indecifrável, ela encarou o homem a sua frente por alguns segundos visando compreender o que acabara de declarar.

–O que!? Questionou ao encarar a feição engraçada da moça, que riu em resposta

–Acho engraçado como você parece tentar se convencer a todo tempo de que realmente está apaixonado por mim.

Visivelmente incomodado com a incredulidade da companheira, Bruno levou a cabeça pra trás em meio a um suspiro.

Desde que se conheceram, o cabeça da equipe notara por diversas vezes um certo bloqueio emocional da jovem, com o qual travava uma batalha contra diariamente.

Bruno queria que Ísis confiasse nele.

E ela queria confiar em Bruno.

Mas cicatrizes deixadas por pessoas que um dia amou, ainda que mais profundas e já curadas, continuavam a fazer parte do seu cotidiano.

Assim, impedindo-a se permitir criar laços afetivos importantes com pessoas como Bruno, pessoas que tinham as mais puras intenções.

A relação conturbada com a família de fato tinha deixado sequelas na moça, que tentava ao máximo supera-las a cada dia.

Objetivo atenuado desde a chegada de Bruno em sua vida.

–Francamente isi? Não sei mais o que é preciso fazer para que confie em mim. Expôs aturdido

Prestes a suceder, aquela não seria a primeira vez que o rapaz perderia a paciência com a jovem loira.

Arrependida pela fala ilógica e parecendo prever a discussão que estaria por vir, a ítalo-brasileira prontificou-se a manifestar.

–Eu confio em você meu amor.

–Não é o que parece na maioria das vezes.

–Sei que não consigo expressar esse sentimento muito bem mas poxa, um bebê já não fala por si só? Declarou simples, fazendo com que Bruno soltasse um riso nasal alto.

–Espera aí, não sei se entendi direito. Ironizou ele. –Está querendo dizer que se sentiu pressionada a engravidar para satisfazer minhas vontades? Finalizou o questionamento extasiado.

Cego pelo frenesi da discussão, o rapaz claramente havia interpretado a fala da companheira de uma maneira errônea.
E quem seria o ser humano premiado ao convence-lo disso?

Réplica correta, ninguém.

Ao menos seria assim há quase 5 meses atrás...

Acontece que um fenômeno denominado Dal Zotto ocorrera em sua vida, causando um gigantesco estrago em sua costumeira teimosice.

–Você sabe que não foi isso o que eu quis dizer, não sabe? Abalada, Ísis acariciava o rosto do atleta carinhosamente a fim de concluir o debate, de maneira que o fizera se render ao silêncio.

Notoriamente abatido, o levantador colou sua testa à da qual dava continuidade as carícias afetuosas distribuídas por toda extensão de sua face e pescoço.

–Eu sei que não foi. Respondeu em um sussurro

–Sei l'amore della mia vita Bruno.
Você é o amor da minha vida Bruno.

–Seu italiano é tão bom que quase me convenceu. Disse humorado ao tentar quebrar o gelo.

–Quase!? Sorriu divertidamente

–Quase... você tem um pouco de sotaque. Zombou ele

–Me perdoe senhor Itália! Exclamou engraçada arrancando um riso singelo do atleta.

–Por falar em Itália, ainda não conversamos sobre ela... Você parece adiar toda vez em que tocamos no assunto da mudança. Proferiu a ela

E quando Ísis finalmente concederia uma resposta concreta a Bruno, fora interrompida pelo toque incessante do celular do rapaz.

–Salva pelo gongo, mais uma vez. Pontou ao mostrá-la as letras vibrantes que formavam o nome do contato, no visor do aparelho.

Lucas irmão.

–Fala.

–Estou em casa no rio com a Ísis, porque? Aconteceu alguma coisa!?

Não consegue ficar um segundo longe de mim não é?

–Tudo bem cara, vou conversar com ela. Não vai ser difícil convencê-la a conhecer Theo e Giulia...

–O QUE!? Exclamou a fisioterapeuta exasperada ao escutar a fala do noivo ao telefone, que sorriu em resposta.

–Ok irmão, fica com Deus. Amo vocês.

Assim que se despedira desligando a chamada em seguida, Bruno foi alvo de perguntas entusiasmadas da companheira.

–Vamos pra campinas!?

–Se você quiser...

Ela afirmou com a cabeça alvoroçadamente.

–Aline e Giuliano irão fazer um churrasco amanhã, Lucas e Bia vão também. Explicou a ela –É melhor apressar-se se quisermos chegar a tempo de ver pelo menos o osso das carnes... caçoou ele

–Eu te amo muito! Bradou ao levantar-se da cama correndo em direção ao banheiro.

–Não pense que a conversa sobre a Itália acabou, na próxima você não escapa! Exclamou alto suficiente para que a noiva no chuveiro escutasse.

Itália...

Aquele seria mais um dos muitos desafios que os dois enfrentariam a diante.

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Me perdoem pela demora em atualizar e até mesmo pelo próprio capítulo em si, estou passando por um bloqueio criativo e espero que essa fase passe logo😔

Coworker | Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora