Liúnián

Lágrimas

O dia se passou normalmente, Kitana não falou mais com Liu Kang, não falou sobre Yeni, nem se explicou sobre sua conversa com Mileena, claro que tinha suas desconfianças quanto a mais jovem, imaginava que talvez ela estivesse sendo gentil para planejar algo pior para acertá-la, mas ao mesmo tempo pensava que aquilo não era do feitio dela, se ela sentisse ódio e raiva iria demonstrar sem dó.

O shaolin não demonstrou inquietação, mas era o que sentia em seu coração, não conseguia esquecer aquilo, que todos estavam armando para feri-la ainda mais, para descobrir algo para fazê-la se dobrar. Mas não iria voltar ao assunto com a princesa, ela não iria ouvir.

Kitana cuidou dos ferimentos dele antes do jantar, ela cuidava de limpar e enfaixar as feridas novamente e fez tudo em silencio. Depois de jantar ela guardou toda porcelana na cesta e saiu.

Jade fez os trabalhos até mais rápido, depois que tomou banho foi apressada para cozinha.

− Está bem hoje? – A morena perguntou ao ver a amiga que havia acabado de chegar ali.

− Sim, conto depois o que houve. – Respondeu baixo não queria falar sobre Mileena ali na frente do cozinheiro, afinal ele estava ali com elas todos os dias, podia ter ordens de contar tudo o que ouvia a Shao Kahn também. – Por favor, termine o seu jantar, não precisa parar para conversar comigo. – Riu. Jade assentiu.

Conforme elas iam cuidar da louça o cozinheiro já havia se retirado e a morena dizia que Kaleb e Nanan podiam ir também.

− Eu lavo seu prato, vá fazer seus bolinhos. – A princesa disse já tomando conta da pia.

− Obrigada. – Sorriu tirando as coisas que os dois haviam deixado separadas para ela de dentro do fundo de um dos armários. – Quer conversar? – Insistiu, sabia bem quando a amiga não estava no normal, e obviamente durante aquelas semanas aquilo ocorria com frequência.

− Mileena foi falar comigo hoje. – Começou.

− Falar? – Jade teve que tirar a atenção dos ingredientes que colocava em uma vasilha de madeira para olhá-la, para medi-la.

− Sim, no outro dia eu acabei dizendo que se ela quisesse conversar que me procurasse quando eu não estivesse indo e voltando com comida e ela realmente veio. Não me acusou de nada, nem me ameaçou e até me mostrou como aprendeu a esconder os dentes. – Explicou entretida com a louça.

− E você confia? – Questionou.

− Não sei, não acho que ela fingiria empatia tão bem assim, percebeu como ela é, como fala o que bem quer, pensei no que contou ontem, sobre ela estar sendo tratada normalmente já. – Respondeu.

− Você ofereceu atenção e ela correu para o seu lado.... – Disse mais para si mesma. – Eu não sei, Kitana. Tem que tomar cuidado com isso, pode estar mentindo e apenas esperando para lhe dar o bote, como um animal venenoso. Ou pode ser verdade e pode usar isso em seu proveito. – Acabou sorrindo.

− De qualquer maneira acho que terei que medi-la aos poucos e com cuidado. Mas deixe eu contar o restante, Liu chegou mais cedo e a viu, quis insinuar que ela estava mentindo para mim, que iria delatar algo ao imperador. – Riu.

− Ah claro, e ele com a concubina não é a mesma coisa? – Indignada.

− Exatamente. Deixei isso claro aliás, ele não gostou muito, mas não vou mudar de ideia enquanto ele for hipócrita. – Explicou.

− Faz muito bem. – Jade concordou. Assim elas continuaram a conversar enquanto a morena preparava a comida pacientemente, não era uma receita complicada ou muito demorada. Kitana insistiu que cuidaria da louça enquanto isso a amiga poderia ir visitar o ex general, ela ainda tinha tempo antes da chefe das servas trancar a porta do alojamento, lavar, secar e guardar a panela de fritura, a que foi usada para cozinhar a carne com condimentos e a bacia em que foi feita a massa não era nada, também passaria pano no chão para finalizar. A morena agradeceu imensamente, havia dado alguns bolinhos a ela, deu a mais pois sabia que por mais que falasse que não, que não deveria ou não iria ela sempre dividia as coisas com o shaolin.