☪ Capítulo 1 - Os Blackheart ☪ Em Exposição ☪

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⊱ Em Exposição ⊰

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Imagine-se como uma pintura, um quadro entre outros milhares a serem expostos em uma galeria. Os outros quadros são outras pessoas a estarem em exposição, a galeria é o mundo e os críticos são a sociedade a te julgar. Você está imóvel no meio de todos, com sua melhor roupa, não importa se ela é desconfortável, você mantem o sorriso, pois se não sorrir, os críticos irão notar e duvido que vão gostar. Perfeição, eles não ligam para o seu interior, são críticos cegos que não enxergam arte, mas sim padrão. Se acha que algum deles se importa sobre você se sentir uma vaca em um leilão, está pagando papel de idiota, a beleza é o que importa e sua personalidade só será aquilo que eles determinarem. Você é aquilo que a sociedade impõe, e se não tiver psicológico para acatar ou desacatar esta condição você será a próxima vaca a ir para o abate.

Felicidade, sempre demonstre felicidade, a depressão é uma ilusão, mal caráter e ingratidão, jamais fraqueje, demonstre beleza e o resto será deixado de lado. Juventude, não se esqueça, isso é beleza, se não a tem é melhor impressionar de outra forma, mas saiba que jamais alcançara o poder de uma pele de porcelana. Seja bem portado, ninguém gosta de um jovem mal-educado, se quiser ser um libertino, mantenha isso em sigilo, não importa suas imoralidades se todos virem a pele do cordeiro e não o lobo a se esconder sob ela. Não se preocupe se for desprovido de neurônios, a inteligência vale menos se comparada ao seu dinheiro e nobreza, os críticos se alimentam disso, eles só vão te ver com bons olhos se tiver estas duas "qualidades", tendo disto poderá passar para a próxima fase, que fase? A do casamento. Bons casamentos geram ainda mais pontos, se seu par não lhe agradar, um amante ou dois o satisfará, mas lembre-se de guardá-lo bem no fundo do armário antes dos críticos chegarem. Mas não se preocupe se preferir a solteirice, vivemos em uma época que o esperto é aquele que não se casa.

Se alcançar estes requisitos, seu artista, criador ou pais, como desejar chamar, vai se orgulhar, pois você é um reflexo deles e é melhor agradar, se não será uma pintura a ser jogada fora.

É cruel reduzir o mundo a uma galeria de futilidades, mas mesmo que não fosse esta a realidade, ao menos não por completa, era assim que os lindos e defeituosos olhos de Aurora enxergavam.

A linda Aurora. A belíssima Aurora. A jovem, a bonita, a encantadora, a educada, a perfeita Aurora. Não havia outro modo de descrevê-la se não enaltecendo o seu físico de donzela abençoado pelos deuses.

Em realidade, havia sim outro modo de descrevê-la, inúmeros modos, mas o que Aurora fora ensinada a mostrar pela sua artista para os críticos, fora sua beleza.

Pele branca como porcelana, cabelos loiros como a neve, cintura fina, seios pequenos e arredondados, trajada sempre em vestidos e sapatilhas, lábios rosados, sorriso encantado, beleza genuína a dessa menina que parecia ter sido esculpida por anjos. A doce e bela Aurora, do que mais sabiam dela senão de seu rosto perfeito?

Sua mente? Nem sabiam se tinha ou se funcionava, afinal, que bibelô exposto na sua estante tem a capacidade de pensar?

Sua beleza era de se invejar, não poderiam negar, mas a mente, mesmo que não sendo a superficial que todos pensavam ser, era conturbada por esta visão de mundo da qual sua mãe a fez ver. Sua mãe jamais foi a mais bela, mas sua filha sim, viu uma oportunidade na beleza e ingenuidade de Aurora, viveria sua tão sonhada vida através de sua filha.

Aurora com sede de agradar a mãe e aos demais, deixava de lado quem ela realmente era, uma pessoa ainda desconhecida por todos e pela própria lady, vivia pela mãe e acabou por ser mais um mofo escondido nos cantos da mansão Blackheart.

Almas Fúnebres - O Lorde e a FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora