☪ Capítulo 3 - Lua Cheia ☪ Vermelho Desejo, Vermelho Sangue ☪

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Capítulo 3 - Lua Cheia

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   Mesmo que o céu esteja dominado pelo dia, isso não significa que ela não esteja lá. Mesmo que na noite ela de vida a monstros e poder a bruxas, ela ainda está lá ao lado do sol, dando forças a outros tipos de monstros. Mesmo que não a vejam a olho nu no céu, ela vê você sentindo em seu corpo os efeitos que só ela pode causar em homens, mulheres ou criaturas. Sua luz bela, a companhia dos mistérios e dos terrores noturnos, uma dama de prata bela, algumas vezes amarela, a mãe das mulheres, astro iluminado, guardiã da noite, uma deusa de fases como toda mulher, a lua. Mesmo que não a veja durante o dia, lá está ela observando a todos, exercendo poder sobre nossas emoções, alimentando as sensações que mais cultivamos em nosso interior. A lua nova e crescente, responsáveis por estimularem recomeços e renovações, sendo fortes aliadas para quem deseja começar ou para quem precisa de um estímulo extra para viver. A preparação para uma nova era, um novo tempo e momento, fase de renovar, para mudar, transfigurar. Para que na lua cheia tudo seja novo, maior, melhor.

Embora seja mãe benevolente, não deixe se enganar por sua beleza, pois ela penetra o interior das almas e nutre os sentimentos predominantes destas, seja amor ou alegria, até ódio, luxúria e melancolia. Cuidado homem com aquilo que cultivas, pois enquanto a lua cheia estiver sobre suas cabeças, seja noite ou dia, durante sete dias ela alimentará a tudo, desde as marés e as plantas, desde a sentimentos amáveis e felizes, até sentimentos frívolos e funestos, ódio e rancor, desejo e prazer.

☪ Vermelho Desejo, Vermelho Sangue 

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    Quando brindou aos céus, o prateado já enublava o celeste e a noite já havia se convertido na manhã fria do dia. A lua não possuía poder sobre as criaturas, mas ainda era soberana sobre os homens e seus desejos carnais. A manhã era recente, poucos os que haviam despertado, os pássaros, especialmente os corvos, voavam e grasnavam aproveitando o espaço dado pela chuva antes de seu retorno, era 11 de março, em breve o inverno frio se ia e a primavera chegaria, mesmo que as flores não florescessem e o sol não retornasse ao menos um pouco do calor viria na tentativa de remover parte da melancolia da cidade de chuva e prata. Era seis e dezoito da manhã quando ela se apresentou invisível aos olhos no céu, os Blackheart ainda dormiam, devido a depressão de todos o acordar se tornava cada vez mais difícil, mas o sonhar também podia se converter em um pesadelo, e ao invés de descansar, ansiosos e angustiados estes ficaram quando a lua cheia surgiu.

Seu corpo estava banhado em suor, ofegava e sentia um calor árduo inflamar o corpo, desacordado ele se remexia na cama gemendo com libido. Em seus sonhos alimentados pela lua cheia, Garret vivia seus fetiches mais intensos, vagava pelo seu subconsciente, seu harém utópico. Em seu sonho ele era um príncipe, seu palácio era pintado com tinta vermelha vibrante, o ar era afrodisíaco, as cortinas vermelhas esvoaçavam enquanto pelos corredores ele caminhava, sentindo a brisa estimular seu corpo nu. Pelo salão ele andava, por onde ele passava uma mulher mais bela que a outra o tentava, o som de gemidos ecoava por seus ouvidos, penetrando sua mente. Corpos nus de mulheres, das formas que ele mais desejava, algumas dançavam, outras apenas tinham um olhar penetrante a convidá-lo, conforme andava elas aumentavam, com suas mãos macias elas o tocavam, guiando-o pelo salão, puxando-o para elas. Elas deslisavam seus corpos pelo seu, o apalpavam e o acariciavam, roçavam seus lábios nos seus, no pescoço e peito, baforando em seu rosto a fumaça de suas narguilés e cigarros, beijando e com a ponta de suas línguas tocando sua pele. Ele gemia em desejo, inerte na luxúria. As cortinas vermelhas esvoaçaram com força e o rodearam, sua visão era vermelha, e quando se tornou o que era antes, a visão se tornou ainda mais gloriosa.

Almas Fúnebres - O Lorde e a FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora