⊱ Sussurros de um Temporal ⊰
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Quando os deuses criaram o mundo, decidiram que o céu seria o espelho para seus sentimentos, o reflexo deles com os atos de seus filhos sobre o mundo. Ao olharem para cima, não seria preciso ser bruxo para se entender o que se passava no universo, as estrelas, a lua, o sol, os vendavais e as brisas quentes ou frias, neve ou granizo, contariam aos que as olhassem o quão felizes ou insatisfeitos os seres divinos e os elementares estavam. Por muitos anos, o sol esteve presente em todo lugar sem queimar a ninguém com seu esplendor, enquanto a chuva e a neve eram passivas. A natureza era grata aos vivos que a apreciavam e a desfrutavam de forma sincera e correta, ela os respeitava da mesma forma que era respeitada, por muitos anos, homem e cosmos, criatura e elementar, deuses e mortais, viveram em harmonia. A natureza e seus atos eram recados aos vivos, mas conforme o tempo foi passando, muitas almas insatisfeitas com seus destinos nasceram e estas não souberam desfrutar da gentileza do mundo, foram estes hostis com o universo e receberam da mesma hostilidade o preço a ser pago ao firmamento. Este excesso de almas inconformadas, gerou revolta nos céus, e a natureza se demonstrou infeliz e revolta ao enviar sobre suas cabeças, tempestades que os afogariam pouco a pouco se não aprendessem a serem gratos e amorosos a vida e a seus criadores.
A cem anos atrás, quando Silver-Sky ainda conhecia o sol, um bruxo cometeu atrocidades que irritaram aos superiores, e desde então, as tempestades impetuosas banham a capital, tentando afogar dia após dia, noite após noite, aquelas almas cruéis que vivem na cidade de céu de prata. Muitas formas o universo tem para nos castigar, presentear, ensinar e se comunicar, e como penitência a todos que na capital viviam, raios cairiam do céu lacrimoso até que aqueles que foram ingratos aprendessem a lição. E foi em uma madrugada tempestuosa que a tempestade decidiu que todos em Silver-Sky poderiam ouvir o seu recado.
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A chuva mais uma vez se fez imperatriz dos céus da capital com seus trovões e relâmpagos. Os ventos que se assemelhavam aos gritos estridentes de fantasmas aflitos passaram por entre rios, montanhas e florestas, balançando galhos, levantando redemoinhos de folhas e agitando as águas do mar, fora este vento a causar arrepios aos que pelas ruas noturnas andavam, quando a tempestade começou os cães abrigados e desabrigados latiam, enquanto os lobos na floresta uivavam para dar o recado que a tempestade trazia mais alto para que todos ouvissem. As três e quinze da madrugada, o horário da tempestade, também foi o horário em que os gatos se arrepiaram e pularam nas faces de seus donos adormecidos, foi quando os galos cantaram mesmo sem haver luz por perto, quando os cavalos se agitaram batendo seus cascos no chão que estremeceu e os corvos corvejaram junto as corujas. Fauna e flora traziam consigo uma notícia dada por aquela que um dia viria a se apresentar, ela exigia que todos na capital ouvissem o sussurro trazido por entre o temporal.
Uma jovem lady sussurrava aos que na cidade de prata viviam, com os tambores de uma tempestade ela os acordou, mas foi em um sussurro que anunciou a novidade trazida em meio aos gritos do vento que vinha de Terra Nobre. A cidade despertou, fosse puta ou beata, mendigo ou abrigado, homem ou criatura, todos ouviram o sussurrar de uma voz aveludada similar ao som das ondas do mar que batiam nas rochas da praia em dias cinzas, anunciando que em breve chegaria em sua cidade o início de um raio de sol para iluminá-los com sua tamanha magnificência e que todos deveriam ser receptivos a esta luz se quisessem desfrutar de seu calor.
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Na manhã seguinte, os resquícios da tempestade e seus destroços foram maiores do que os de um temporal habitual, ao invés de árvores caídas e casas destruídas, havia mentes perturbadas pelo intenso desejo de saber quem em breve chegaria à capital para dar drama e romance aos cidadãos que mal sabiam que o gênero terror estaria incluído neste teatro divino, protagonizado por uma forasteira ainda não aclamada por seu público em sua gótica e romântica história que consumiria a fúnebre família Blackheart que seriam seus antagonistas em seu conto inglório.
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Almas Fúnebres - O Lorde e a Feiticeira
Misterio / SuspensoSedutora, manipuladora, intoxicante e fatal. Vai enganar sua família, trair seus sentimentos, te envenenar com seus beijos e te iludir com suas carícias, assassinando sua sanidade. Você não irá resistir aos encantos da Feiticeira! Ela é uma pessoa m...