☪ Capítulo 1 - Os Blackheart ☪ Anelise ☪

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⊱ Anelise ⊰

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Anelise, uma menininha que nasceriaaos berros mostrando ao mundo que estava pronta para conquistá-lo, umagarotinha pequena e alegre que jamais pode dar ao mundo o prazer de ouvir seuprimeiro riso. Anelise, a primeira filha de Edward e Leonora, aquela que foiamada sem ao menos ter sido conhecida, aquela que teria usado roupinhas brancase amarelas e teria tido uma bonequinha de pano de vestido rosa e lacinhos demesma cor nos cabelos. Um anjinho que teria dois irmãos mais velhos que aprotegeriam dos perigos reais e imaginários se tivesse vivido tempo osuficiente para estar lá quando eles nascessem, um pai que a mimaria e uma mãeque seria sua melhor amiga. Ela teria tios babões, primos divertidos e uma vidadourada em uma cidade de prata, ela seria o sol da capital e da vida de suafamília tão sombria. Anelise teria crescido, vivido grandes alegrias e durastristezas, mas teria vivido. Teria conhecido o amor e a desilusão, a música dopiano de seu irmão, seria a musa mais amada de seu outro irmão, dançaria embailes e seria o desejo de vários rapazes. Anelise, a princesa de olhos azuis ecabelos loiros que era tão bela e doce que os deuses resolveram lhe tornar umanjo.

Aquela menina, agora anjinho, não pode chorar ao nascer, o único choro que se foi ouvido naquele quarto da mansão Blackheart fora o de sua mãe que deu à luz a uma Anelise pequena e roxinha, cuja o coração não batia mais. Sua mãe, pequena Anelise, sofreu muito por não ter visto você crescer, ela chorou tanto que foi a única coisa a ser ouvida em sua casa durante três dias de escuridão. Mesmo que você já estivesse dormindo, sua mãe te enrolou em um cobertorzinho azul e te ninou. Nos braços dela balançou-te levemente de um lado para o outro na cadeira de balanço do que teria sido seu quarto, cantou-lhe uma canção suave da qual você teria gostado e deu-te um beijinho em sua testa fria antes de te colocar em seu berço onde você jamais acordaria.

Seu pai também sofreu, Anelise, ele chorou escondido para que pudesse ser forte quando sua mãe precisasse. Em segredo ele pegou sua bonequinha e por semanas guardou-lhe no bolso de seu casaco e quando triste chorou com ela nas mãos, derrubando lágrimas de amor sobre seus cabelos de lã. Enquanto sua mãe se recuperava em um quarto sem luz, seu pai carregou você dentro de um caixão apropriado para seu tamanho, lhe enterrou no jardim, embaixo de uma árvore que teria tido um balanço para você se sentir como um pássaro a voar, mas agora não precisava, pois agora você se tornou um anjo a voar por entre as estrelas.

Neste lugar onde você jaze enterrada, seus pais te visitam todas as tardes, as vezes juntos, as vezes separados, mas sem falta eles se sentam de frente para sua lapide presa a árvore e leem a seguinte escrita "Carreguei-te no ventre, nos meus sonhos e esperanças. Hoje, carrego-te no coração, nas lembranças e na saudade.". Seu pai te lê contos fantásticos que você teria pedido a ele que contasse e recontasse muitas e muitas vezes se pudesse ter escutado uma primeira vez, e sua mãe te canta canções de amor e saudades. Sobre seu tumulo, lacrimosas nasceram e estas ainda são regadas pelas lágrimas de sua mãe que sonha em sentir seu abraço.

Seu pai pintou vários e vários retratos de você quando bebê e alguns de como ele imaginava que você seria se estivesse com a idade próxima dos de seus irmãos. É um quadro lindo, você está vestida em um vestido branco com um laço amarelo na cintura, seus pés descalços e seus cabelos loiros soltos ao vento. Você tem o sorriso e olhar mais sensível que ele já pode ter a chance de pintar, você está no jardim em meio a lacrimosas, sobre a árvore onde fostes enterrada, se balançando no balanço que teria amado.

Na noite que você veio ao mundo sem chorar, seu avô fora insensível com seus pais e os magoou muito dizendo que não deviam estar chorando por um aborto, que eles ainda eram jovens teriam tempo para fazer um herdeiro, isso se fossem capazes de fazer. Sua mãe sofreu, mas ainda assim quis tirar fotos de você para que pudesse te ver quantas vezes quisesse, seu pai pintou um grande retrato de sua mãe consigo nos braços, hoje ele está pendurado sobre a lareira do quarto deles. Mesmo com lágrimas nos olhos e abatida pelo cansaço perda, seu pai tornou tal imagem bela, removendo a melancolia que tinha nela. E mesmo que nele você estivesse morta, em tal retrato ele te deu vida.

Almas Fúnebres - O Lorde e a FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora