☪ Capítulo 2 - O Lorde ☪ O Conde ☪

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⊱O Conde 

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   De todos os deslumbres que eu poderia ter em minha vida, o que com toda a intensidade me desestabilizou de maneira fervorosa, não fora a figura de uma divindade, nem de um anjo ou a supremacia de uma bela paisagem. De todas as coisas que poderiam me levar ao delírio, desde aos alucinógenos até a uma densa febre, fora alguém a me brindar com os mais delirantes desejos impetuosos de paixão e fascínio. Amargurado com uma vida outrora vivida, e esperançoso com uma vida recém adquirida, eu me encontrava completamente extasiado perante a figura de uma nova existência a ser saboreada com devoto entusiasmo.

Defronte tal sujeito, eu desfrutei da mais sublime sensação de familiaridade, além desta, a sensação da indomável atração que, não somente meu corpo, mas que minha alma sentira. Era fascinante, eu estava maravilhado, únicas foram as vezes que me senti tão atraído por alguém cuja mínima palavra eu havia trocado, aquela cena, aquele sentimento era único, era magico e eu aproveitaria daquele momento para torná-lo a eternidade pela qual eu viveria. Imortalizo com estás palavras o momento em que novamente minha vida mudara de forma surpreendente, de tantas vezes em que minha vida mudou drasticamente, tornando-se uma nova vida ainda mais magnificente do que a outra, está foi de fato a menos extraordinária, mas sobre os olhos deste autor apaixonado, este momento que aqui descrevo fora digno de muitos sinônimos extraídos de extraordinário; fascinante, sublime, apaixonante, deslumbrante, magnificente, assombrosa e estonteante. Isso, além de muitas outras palavras que descreveriam com beleza o momento pelo qual meu coração bateu da maneira mais melodiosa já sentido em meu peito.

Quando determinei meu destino para este país, defini que cada passo que desse pelas ruas desta cidade seria um ato de revolução e filosofia, agora, cada passo que dou nesta cidade simboliza não só um ato revolucionário de amor a uma causa, amor a uma crença e amor a liberdade, agora, cada passo que dou nesta capital, simboliza o amor que sinto por alguém, por uma alma, por um sentimento, o amor que sinto... Por um homem.

Em meus tempos de juventude, recordo-me de ter me interessado consideravelmente pela capital do país da glória e da pureza, busco em minha memória as inúmeras vezes que me encantei com este país, sobretudo sua capital, me imaginando sob o céu de prata, admirando as tempestades que revoltavam os mares e os céus, e principalmente, sobre como eu estaria quando pelas ruas desta bela cidade eu andasse. Agora, aqui nesta ilustríssima capital, vejo o quão longe eu estava da realidade, eu estava deveras diferente, por bem ou por mal, eu era um novo homem, mas que mesmo que a figura tivesse mudado de forma extrema, cuja história mudara de percurso drasticamente, eu ainda mantinha os sonhos daquele menino carente que no mais interno do meu ser, ainda se mantinha vivo e em busca de afeto. Quando desembarcamos na capital, a chuva era somente uma ameaça de Iansã, os mares revoltos me relaxavam, a paisagem prateada e obscura do porto de La Belle condado era uma gloriosa pintura, um cenário perfeito para meus atos de paixão e revolução. As gaivotas a grasnarem eram um contraste perfeito com a música do mar a bater nas rochas e das carruagens a andar sobre o paralelepípedo das ruas de fronte a praia pouco habitada. Quando conseguimos um cocheiro que levasse a nós e nossas bagagens até nossa nova casa, um homem cujo estado de saúde devia ser precária considerando a tosse catarrenta que nos acompanhou durante toda a viagem e de certo o acompanharia por mais duas ou três semanas se não a tratasse, escutei por pelo menos quinze minutos o quanto Eva era grata por tê-la trazido e a convencido de pousar como ela mesma. Por sorte, não tive que escutar demasiadas gratulações, permitindo que o silencio, não tão denso devido a tosse do cocheiro, mantivesse a beleza do deslumbrar da paisagem que nos rodeava durante o percurso. Pude recordar com graça das inúmeras vezes que minha mãe me contou sobre esta bela cidade, da energia pura e sublime da qual ela contava detalhadamente sobre cada pedacinho de chão e céu deste lugar magnifico aos olhos. A cada vez que passava por um lugar já descrito por ela, me sentia como o garotinho de cinco anos que ouvia com atenção suas histórias enquanto ela acariciava meus cabelos até que pegasse no sono ou me sentisse amado o suficiente.

Almas Fúnebres - O Lorde e a FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora