⊱O Corvo⊰
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A madrugada havia sido tumultuosa, mesmo quando as carruagens foram embora e os criados alugados se retiraram, mesmo quando as criaturas equinas foram acalmadas e presas no estabulo e os visitantes se estabeleceram em seus quartos, o tumulto seguia tirando o sono e causando intriga nos residentes de Blackheart. A família Blackheart invadiu os corredores da ala dos dormitórios, curiosos para entender o que se passava. Durante toda a madrugada, gritos foram ouvidos vindos do aposento de lady Scott, ao que parecia a jovem esbravejava de agonia, uma dor sofrida que transparecia em seus gritos a dor cruciante que sentia por todo seu corpo. Além dos gritos e gemidos de padecimento da jovem, o som de passos a correrem de um lado para o outro e sussurros nos corredores eram o empecilho dos Blackheart de adormecerem. A verdade é que se não tivessem todos deixado uma fresta na porta de seus quartos para ouvir e espiar o movimento, estes teriam adormecido.
Durante toda a madrugada, um ou outro Blackheart tentou espiar o que acontecia no quarto de lady Scott. Lorde Edward se esquivou de responder perguntas, pois estava ocupado colaborando com o auxílio a lady Scott. Em determinado momento da noite, lorde Scott convenceu lorde Blackheart a se retirar para seus aposentos, pois sua ajuda não era mais necessária e daquele momento em diante ele e sua criada poderiam tomar conta de lady Scott que rolava na cama agonizando em dor.
O corredor dos quartos era iluminado por luzes amarelas, entre o quarto de Dorian e Garret estavam os quartos de lady e lorde Scott. Ao lado da porta do quarto de lady Scott, havia um cesto de palha que de tempo em tempo, se preenchia com lençóis, roupas e fronhas sujas de sangue. Este cesto quando transbordando, era trocado por outro por um dos empregados que de meia em meia hora passava para verificar tal artefato, o empregado levaria este para a lavanderia, deixando no lugar mais roupas de camas limpas que logo também seriam tingidas de sangue.
Lorde Blackheart insistiu mais de uma vez para que lorde Scott permitisse que um médico examinasse sua irmã, mas o lorde o recusava dizendo que poderia tratar da irmã ele próprio, e que não apreciava nenhum contato médico sobre lady Scott. Além da recusa sobre a solicitação de um médico, lorde Scott recusou a ajuda de qualquer empregado que não fosse sua própria criada, Antoniete, a única sem ser lorde Scott a poder entrar e sair dos aposentos de lady Scott. Para que ninguém se atrevesse a entrar sem ordens de lorde Scott, os lobos da enferma serviam de guardas na entrada da porta, permitindo apenas que os empregados trocassem os cestos. Os lobos não permitiam nem mesmo que alguém batesse na porta de lady Scott para não atormentar a paciente com sons altos, o corvo empoleirado em um poleiro deixado ao lado da porta, via a tentativa de entrada de algum criado que quisesse bater na porta, e grasnava para chamar a atenção de seu mestre, este vinha ao encontro de quem o solicitara sem dar brecha para que alguém espiasse para dentro do quarto, falando de forma direta para não estender assuntos e poder retornar o mais rápido para sua irmã.
Quando o sol nasceu, ainda levou duas horas para que os gritos de lady Scott dessem descanso aos ouvidos dos que estivessem por perto. Por conta deste tumulto durante a madrugada, os Blackheart não despertaram está manhã, recusando-se a levantar e optando por recuperar o sono perdido, era uma da tarde e nenhuma alma vagava pela mansão. Neste mesmo horário, Garret, apavorado por ter passado do horário do qual pretendia retornar a mansão sem ser visto, chegou à residência, que estava silenciosa e vazia. Andou pelas salas a procura de seus primos e tios, mas não encontrou nem mesmo os empregados. Desconfiado, mas sentindo uma forte dor de cabeça por conta do excesso de álcool noite passada, Garret se direcionou para seus aposentos, desnorteado andou pelos corredores até se deparar com uma imagem que o fez duvidar de sua sobriedade, não imaginava ter bebido tanto, mas agora era nítida a visão de dois lobos sentados, um de cada lado da porta do quarto ao lado do seu, enquanto em um poleiro estava um corvo adormecido com a cabeça tapada por suas asas evitando o pouco de luz que batia em seus olhos. Garret tinha certeza de que estava delirando, mesmo assustado com a imagem, confiou em sua insanidade e seguiu caminhando até chegar na entrada de seu quarto, quando em frente a porta, os lobos o encararam desconfiados, não rosnaram, mas aqueles olhos, tão humanos, pareciam julgar a Garret e a seu estado de embriagues. O corvo despertou e o encarou, não se movimentou se não para remover a cabeça de entre suas asas, seu olhar era penetrante. Estava hipnotizado pelo que ele achava ser uma miragem, acabou por esbarrar no cesto de roupas e fazer com que um dos lobos o olhasse desconfiado e rosnasse levemente, apenas como aviso. Ao olhar no que havia esbarrado, viu lençóis brancos banhados a sangue e isso o fez estremecer, se sentia dentro de um pesadelo estranho e sombrio, o medo o fez adentrar às pressas em seu quarto, trancando a porta para que os lobos não invadissem seu aposento e lhe jantassem durante seu sono. Quando a salvo, caiu e desmaiou em sua cama.
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Almas Fúnebres - O Lorde e a Feiticeira
Детектив / ТриллерSedutora, manipuladora, intoxicante e fatal. Vai enganar sua família, trair seus sentimentos, te envenenar com seus beijos e te iludir com suas carícias, assassinando sua sanidade. Você não irá resistir aos encantos da Feiticeira! Ela é uma pessoa m...