☪Capítulo 3 - Lua Cheia ☪ Devon ☪

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Devon

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   De seus quatro filhos, o duque estampava favoritismo e veneração pelo seu herdeiro, quando o primogênito passava era com radiante brilho no olhar que ele o admirava, seu filho era a fonte do amor que tanto lhe faltava, o único pelo qual valia a pena cada sacrifício e cada ato de rara bondade vinda de seu coração tão frívolo. Seu amor tornou-se ainda maior, chegando a uma espécie de obsessão, quando seu quarto descendente lhe pareceu tão detestável e decepcionante quanto o segundo e o terceiro. Devon Blackheart, o herdeiro de todo o domínio Blackheart, era o soberano daquela casa, sendo o único herdeiro de Ignes, o único dragão Blackheart, e talvez o último bruxo do fogo que viria a nascer naquela casa após tantos Blackheart regidos por outros elementares. Diferente do seu pai, Devon era um bruxo de fogo com talentos que transcendiam a magia de qualquer bruxo regido por Ignes, seu pai, também um bruxo do fogo, podia carregar a ancestralidade de inúmeros magos draconianos, mas fora o seu filho a revelar a potência dos poderes ancestrais vindos da magia do fogo de um dragão Blackheart.

Além de poderoso, Devon, ou Dev, como costumava ser chamado, era o mais belo de sua família, embora o irmão caçula tivesse uma beleza invejável, Devon era comparado a um feiticeiro por ser tão divino aos olhos, pois além de atraente, Devon era sedutor em cada mínimo movimento que executava, sendo majestoso naturalmente, sem planejar, apenas sendo a beleza jovial e lasciva que todos se sentiam atraídos de uma forma que somente um feiticeiro era capaz de causar.

Seus cabelos eram castanhos escuros, havia algo em seu corte de cabelo que o deixava ainda mais malicioso aos olhos, pois embora os libertinos costumassem deixar os cabelos compridos até a altura dos ombros ou quase isso, Devon, um libertino com L maiúsculo, preferia manter os cabelos curtos atrás e compridos a frente, deixando sua franja, duas mexas de cabelo, repartidas para lados opostos, um repartido ao meio. Este corte, deixava seu rosto visível, os olhos amendoados que transpareciam malicia, os lábios rosados e tentadores a medida que se moviam a cada silaba erótica que proferia ou quando curvados em um sorriso ardiloso e devasso. Seu porte era vigoroso, embora tivesse músculos evidentes, não era algo extravagante, mas de força notável, físico este que o deixava ainda mais esbelto em trajes costumeiros de origem nobre, sempre andando com cores neutras como o preto e o marrom, mas possuindo favoritismo pelo vermelho. Era comum que estivesse sempre de botas de cavalgada, pois era recorrente que praticasse a equitação, preferindo se locomover assim ao invés de usar a carruagem.

Nunca estático, o lorde estava sempre ocupando-se de algo que o divertisse, indo e vindo de todo lugar, desde bares nobres, clubes renomados, bordéis, festas e eventos que lhe agradassem, ou visitando algum amigo ou amante que lhe agradassem quando não preferia a companhia de seus irmãos e primas, mas sempre estando ativo. Devon era um jovem cuja vida esbanjava luxo, assim como ele esbanjava em sua personalidade. Vaidoso, Dev era um rapaz altivo que só gostava do melhor, melhores bebidas, comidas, festas, mulheres e amigos, tudo em prol de agradar sua fome egocêntrica de luxo, e de tanto alimentar seu ego, acabou por se tornar tão idêntico ao seu pai quanto gostaria. Ambos soberbos e gananciosos, jamais satisfeitos, sempre mesquinhos e ardilosos, eles sempre vinham em primeiro lugar, e Devon sempre mimado pelo pai e bajulado por todos, reconhecia-se como o rei de tudo, o melhor de todos, ele acima de qualquer um. Embora fosse um rapaz cheio de vida, a saúde do lorde era para muitos precária, vivendo sempre a base de medicamentos que mantivessem seu coração calmo de forma que ainda possibilitasse a agitação que ele tanto admirava, sem que este o matasse.

Embora tivesse vivido no luxo, a morte alcançara o herdeiro Blackheart sem rodeios, não possuindo reservas por ele ter sido um Blackheart famoso, quando estava perto de completar seus trinta anos, o coração de Devon parou de bater por ordem do próprio lorde que decidira que já era a hora de partir.

Almas Fúnebres - O Lorde e a FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora