Almas Fúnebres - O Lorde e a Feiticeira

☪ Capítulo 3 - Lua Cheia ☪ IMEAT ☪

⊱IMEAT⊰

꧁ ══════ ⊱☪⊰ ══════ ꧂

"... Cuidado homem com aquilo que cultivas, pois enquanto a lua cheia estiver sobre suas cabeças, seja noite ou dia, durante sete dias ela alimentará a tudo, desde as marés e as plantas, desde a sentimentos amáveis e felizes, até sentimentos frívolos e funestos, ódio e rancor, desejo e prazer."

Durante duas noites, o sangue jorrou, e pela cidade a carnificina apresentou-se com maestria, fazendo das ruas seu palco de horror. Mais cinco corpos, alguns quebrados, mutilados e comidos. Mortes rápidas e outras lentas, várias vítimas, nenhum assassino e sem ninguém que pudesse contar a história. Como morreram? Talvez um assassino comum ou um acidente, uma briga após um desentendimento, isso só será relevante para as famílias das vítimas, pois para a sociedade, a janela que devem olhar não é a da morte, mas a da fofoca. Ninguém se importa com os mortos quando se tem dois jovens cheios de vida rodeados por mistérios, dinheiro e o principal, poder!

Quando o sol retorna, mesmo que por entre as nuvens, ela ainda estará lá, escondida, mas presente. A lua interfere tanto a noite quanto no dia, enquanto a noite ela invoca o mal nos corações das feras, durante o dia ela invoca o que a de pior nos corações dos homens. Mas não sejamos injustas com a mãe lua, ela apenas traz à tona o que já existe, seja o ódio ou a raiva, até o amor e o desejo.

Os pensamentos, piores do que a boca dita amiga que escorre veneno, pois o veneno que escorre do vosso pensamento é teu e unicamente teu. É verdade que existem vozes invisíveis que te incentivam, mas nada que escutas é atraído sozinho. O mau que te cerca é o mesmo mau que cultivas, se o homem planta rosas, rosas irão nascer, mas se ele cultiva solo podre, nada além do podre crescerá. Cuidado com o que pensas, escolha bem o caminho que percorres, pois tudo é livre-arbítrio, ninguém escolherá por você.

Era o quarto de Lucille, ela estava vestida em uma camisola branca longa, pois já era noite, estava em frente a uma lareira acesa, aparentava estar bem, lia um livro para seu bebê ainda em seu ventre. Havia perdido o sono pois começara a sentir algumas dores em sua barriga, mas estava feliz, acariciava sua barriga, amorosa pelo feto que crescia cada vez mais, mas repentinamente começou a sentir dores fortes que a fizeram curvar-se para frente, ela começou a gemer agoniada, sentindo dores cruciantes. Ela se afirmou na parede, tentando controlar as dores que vinham de seu ventre, mas tudo o que conseguia era gritar de dor quando o sangue jorrou por entre suas pernas, a fazendo chorar desesperada. O sangue escorria, a deixando frustrada, era tanto sangue que ela começou a se assustar, sabia o que estava acontecendo, seu bebê estava morrendo. O sangue ultrapassou a camisola, a enxarcando, no chão uma poça se formou, ela aumentava e aumentava, de uma tal maneira que fez com que caminhasse, escorrendo para o lado sul.

– Socorro! – Gritou desesperada, em lágrimas. – Meu bebê, meu bebê! - A porta se abriu, Garret foi o primeiro a escutar suas súplicas e de imediato veio atender. Correu para dentro do quarto e se viu andando pelo sangue. – Garret! Por favor, Garret, me leve ao médico. Preciso de ajuda, ele está morrendo! – Garret, perplexo, a encarou, estava realmente mal.

– Rápido, Garret. Não consigo me levantar! – Ele se aproximou, quieto, com os olhos reluzindo. Ela estava encolhida, caída ao chão e em seu entorno o sangue de seu filho. – Garret! – Ela tornou a suplicar, mas tudo o que o rapaz fez foi rir.

Ele gargalhava de alegria, ele via uma cena de comédia, de dádiva. Não havia mais ninguém lá, somente eles, e ele teve a chance de testemunhar aquilo, o alívio para seus dias futuros. Ele deixou-se cair no chão, rindo alto, fazendo com que Lucille chorasse desesperada, com medo e aos gritos de socorro. Como um louco ele se inclinou, segurando a mulher nos braços ele a abraçou a agradecendo pelo presente. Enquanto ria, ele se sujava com o sangue de seu filho morto, apreciando o sentimento de pôr a cabeça sobre o ventre de Lucille e sentir o nada além do sangue a manchar seu sorriso obscuro.