Almas Fúnebres - O Lorde e a Feiticeira

Capítulo 4 - A Feiticeira - Lady Scott

  Quando os tormentos da lua cheia se ausentam com ela, a lua minguante surge com novidades inesperadas e um cansaço emocional e físico para aqueles que viveram sobre o sofrimento na semana anterior. Era cedo da matina quando como de costume, Louis despertara de
um sono consumidor após sua irritante e cansativa noite. Ao acordar, permaneceu na cama por
alguns minutos, apenas olhando o teto e sentindo a falta do som da chuva, o que indicava que ela havia dado trégua a cidade. Sentindo o peso de seu corpo, ele se levantou e caminhou em direção a sala de banho, onde após urinar, despiu-se e adentrou na banheira, deixando seu corpo relaxar sob a água quente que avermelhava seu corpo. A água quente entrou em contato com suas costas, amenizando a dor das cicatrizes que carregava em grande número para ferimentos. Após banhar-se e higienizar seus dentes, já seco e com uma toalha a rodear sua cintura, Louis procura em seu closet o melhor para vestir, pois vaidoso, só aceitava o que era suntuoso, desde suas roupas a artefatos de todos os gêneros, além de seu estilo de vida.
Enquanto preparava suas roupas para vestir, o lorde, nu diante da grande janela que dava para o vasto jardim da mansão, não se preocupava em ser visto desnudo pelos que passassem pelo campo. Começou a vestir suas roupas, escolhendo um de seus paletós mais elegantes, completamente preto, desde os sapatos até seu colete sobre sua camisa que era coberto pelo terno aberto. O que se destacava, era a gravata e o lenço que carregava no bolso direito do peito do terno, eram da cor vermelha. Penteou os cabelos ondulados e pretos, fazendo um repartido para o lado, deixando
algumas mexas caírem em sua testa, quase em seu olho esquerdo, passou a colônia que ele mesmo criou e olhando-se no espelho sentiu-se belo. Com um fino e ladino sorriso ele ausentou-se dos aposentos junto a Bones em seu ombro, caminhou pelos corredores apreciando a vista do jardim, sendo o primeiro lorde desperto e a vagar pela residência.

– Bom dia, Antoniete. Dormiu bem? – Perguntou sorridente ao encontrar a criada saindo dos aposentos de sua irmã.
– Ela está com você? – Perguntou alarmada.
– O que? – Questionou despreocupado.
– Marceline. Ela não está no quarto desde quando acordei, ela está com você? – Os olhos de Louis se
arregalaram.

  Com passos largos Louis começa a vagar pela mansão a procura de sua irmã, completamente nervoso, imaginando o que poderia ter acontecido com a jovem para ela ter desaparecido sem deixar
avisos. Quando descia as escadarias da mansão, encontrou o mordomo no hall de entrada que veio em sua direção.

– Bom dia, lorde Scott. Tenho um recado para o senhor de sua irmã, lady Scott. – Aquilo fez com
que lorde Louis parasse de imediato, dando ao serviçal total atenção. – Ela se levantou mais cedo está manhã, se encontrava revigorada e quis aproveitar o bom estado de sua saúde. Infelizmente todos ainda permaneciam desacordados, por isso pediu-me para levá-la até o estábulo, pois queria ver seus cavalos e o restante dos animais que trouxera consigo. Em seguida deu ordens para que preparassem um de seus equinos para cavalgar, e junto aos dois lobos ela saiu pelos campos da residência. – Louis suspirou profundo, não sabendo se sentia alívio ou não pela informação. – Antes de se ausentar, ela pediu-me para que servissem o café da manhã na varanda na sala de refeições da família, e após informar lorde Edward da mudança, e ele ter permitido, mandei que tudo fosse
preparado, então hoje as refeições serão feitas lá.
– Minha irmã deu o horário em que retornaria?
– Apenas disse que chegaria a tempo das refeições.
– Essa garota! – Resmungou lorde Louis insatisfeito com a atitude da irmã. – Obrigado, Warren!

  A varanda onde ocorriam a maioria das refeições ao ar livre da família, era a mais larga das varandas, rodeada por lacrimosas enroscadas ao balcão de tijolos grandes e escuros que ligavam a varanda com a casa. Preparada com sofisticação estava no centro da varanda a mesa com o total de lugares exato para cada membro da família Blackheart, incluindo os falecidos sobrinhos, filho e
esposa do duque. A mesa havia sido enfeitada com uma toalha branca com detalhes de azaleias
bordadas na barra, sobre ela, além da prataria bem polida, havia cestinhas com flores do campo no
centro da mesa a cada dois lugares.
Lorde Louis, deveras ansioso, fora o primeiro a chegar no local da refeição. Fumava um cigarro,
próximo a bancada, tentando conter os nervos e os pensamentos ansiosos de onde e quando sua irmã retornaria e o que faria quando apresentada aos primos, estava tão desesperado que mandara Bones encontrar a lady, fazendo-o segui-la para onde quer que fosse.