Capítulo 34

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Jasmine

- "Nos restam cinco caixas, você está pronto pra continuar?" - pergunto a Anthony, ele franze a testa e depois suspira.

- "É você quem deve estar em boas condições. Você é quem está traduzindo uma história de milhares de anos sozinha. Eu só ajudei a encontrar as caixas, é você quem está fazendo todo o trabalho." - Anthony diz e eu sorrio.

- "Você é bem fofo quando quer. Onde está a caixa número 10?" - peço e ele me entrega a caixa franzindo o cenho.

- "Eu não sou fofo. Nós homens não somos fofos. Podemos até ser românticos, mas fofos jamais." - Anthony diz sério e eu tenho vontade de rir com o que ele disse.

Por que os homens não gostam que chame eles de fofos? Não há nada de mal e é uma qualidade pouco comum deles. Isso não fazem eles parecer menos homem.

Pego caixa de suas mãos e começo a traduzir.

"Pouco tempo depois, o chefe consegue o que tanto havia esperado. Finalmente ele tem a mulher mais importante da civilização vizinha em suas mãos. Ele podia fazer com ela o que quisesse e um plano passou por sua cabeça. A única coisa que podia unir essas duas civilizações era um filho. Tinha que fazer com que ela se apaixonasse para que ela pudesse confiar nele e ele não teve muito trabalho nisso. A mulher em si, tinha um coração humilde e honesto. Com o tempo uma relação começou a crescer com entre os dois, uma relação que surpreendeu os homens que restaram no povoado. O chefe estava abrindo o seu coração sem querer e o filho do chefe não estava muito feliz com isso. Ele era o sucessor de sua civilização e se o filho que o chefe tanto queria nascesse, ele perderia o seu trono. O coração do filho do chefe estava fechado e duro por causa do amor que ele nunca teve, primeiro de sua mãe e depois de seu pai. Era como se ele tivesse sido um erro. Quando a notícia que um novo herdeiro estava a caminho, o filho do chefe começou a trabalhar em um novo plano, ele não permitiria que o pouco o que tinha fosse tirado dele. Por isso ele começou a planejar uma forma de separar o seu pai daquela mulher. Ele contou o que planejava fazer para a única pessoa que confiava, pena que essa pessoa não fosse de tanta confiança assim. A pessoa chegou a contar somente uma parte do plano para o chefe, já que no dia seguinte ele morreu degolado pelo cutelo que pertencia ao filho do chefe. As coisas continuavam piorando nessa civilização. A vingança e a morte eram o seu pão de cada dia, e a mulher estava se cansando disso."

- "Isso não explica muito. Exceto outra morte. Mas essa foi impiedosa. Não deixou que a pessoa fizesse o que tinha que fazer. É como se o erro que levou essa civilização a destruição, foi condenado pelas más decisões que tomaram em sua vida passada." - digo e ele assente.

- "Mas, o que eles querem que façamos? Não temos uma máquina do tempo para voltar pro passado e mudar isso." - Anthony diz.

- "Talvez não seja o que querem. Segundo a minha lógica, a última mulher que aparece nessa caixa é a minha mãe. Ela era a reencarnação da sacerdotisa dessa civilização e esse bebê que irá nascer sou eu. Mas ainda falta você nessa história, você não era o filho malvado que tanto falavam." - digo e ele assente.

- "O que foi que aconteceu?" - ele me pergunta.

- "Eu não sei, acho que com a caixa 11 iremos descobrir. Me passe ela, por favor." - peço e ele me entrega.

Endireito os meus ombros e começo a traduzir.

"Passaram 7 luas cheias desde o anúncio da gravidez da mulher do chefe, e a mulher deu a luz a uma pequena menina de olhos azuis. Tão azuis como um dia ensolarado. O chefe estava feliz e comemorou por 3 dias e 3 noites por essa nova vida. E o filho do chefe não gostou disso. Amargurado, ele foi até a única pessoa que o podia consolar. Ele chegou em sua casa, onde sua mulher sempre o esperava junto de seu filho de apenas 3 anos. Quando o chefe soube que já era avô, ele não disse absolutamente nada, dando a entender que ele não se interessava. O filho do chefe estava cansado de tanta falta de carinho do seu pai e também das diferenças de tratamento em relação a sua irmã, começou a planejar algo para acabar com isso. O que mais chamava a sua atenção na menina, era a cor dos seus olhos. Seu pai tinha olhos castanhos escuros e a mulher tinha olhos verdes. Era quase impossível dela ter esses olhos. Algo se passou em sua mente e sorriu com malícia, se comprovasse que esse bebê não era filha de seu pai, faria que seu pai desconfiasse da mulher e tudo voltaria a normalidade. Então ele começou a procurar entre todos os habitantes da civilização, até que encontrou um homem com a mesma cor de olhos que sua irmã. O filho do chefe contou ao seu pai, fazendo que o chefe duvidasse de sua mulher e para tirar as dúvidas, chamaram o homem de olhos azuis, e ele não era nada mais nada menos do que o guarda de sua mulher. Houve uma discussão que terminou em briga, e logo evoluiu para uma luta com armas. O chefe tinha mais experiência graças aos anos que ele esteve metido na guerra e não teve problemas para eliminar seu concorrente. O ruim, foi que o chefe demonstrou uma faceta que a mulher não conhecia e isso lhe deu medo, e ao mesmo tempo desconfiança. Aquela relação estava se quebrando."


- "Em meus sonhos, a mulher morre grávida." - digo em um sussurro.

- "É como se ainda faltasse algo mais." - Anthony diz.

Endireito os meus ombros e continuo a traduzir o restante dessa caixa.

"Vinte anos se passaram, o chefe morre por causa de uma enfermidade nos pulmões e seu filho assume o trono. Cansado do desamor de seu pai, ele resolve se vingar de sua madrasta e quando assumiu o trono, a baniu do povoado sem direito de levar comida e nem água, e por consequência disso, em apenas um dia a mulher morre nas areias do deserto. O novo chefe era impiedoso, já que ele nunca havia recebido amor. Os castigos que ele aplicava eram muito parecidos com os que sua mãe aplicava nas pessoas no passado, ele não se importava se a pessoa era inocente ou culpado. As pessoas estavam aterrorizados e precisavam que alguém os defendessem. Por outro lado, algo impensado estava acontecendo na escuridão da noite. A filha do chefe e o filho do novo chefe, começaram a se encontrar mais continuamente e o amor começou a nascer entre eles. Começou como um amor proibido mas, os segredos que essa civilização ocultava algo muito importante que mudaria a história para sempre."

- "Tia e sobrinho começaram se relacionar?" - Anthony pergunta.

- "É o que parece. Isso não seria anormal pra eles. Na antiguidade, em alguns povos costumavam a acontecer casamento com pessoas da mesma família, segundo eles eram para manter a sua linhagem pura. Era comum as crianças nascerem com algum tipo de mutação por causa disso. Emmeus sonhos parecia que esse amor era impossível e acredito que esse era, por muitos motivos." - digo. Acho que estou tão confusa quanto antes.

- "Só nos restam 2 caixas e assim saberemos o que foi que realmente aconteceu. Mesmo que as coisas estejam se complicando cada vez mais. Qual é esse segredo que diz na caixa que poderia mudar a história?" - Anthony pergunta.

- "Estou confusa." - digo me sentando em uma das pedras. - "Me entrega a próxima caixa. Temos que continuar tentando decifrar o enredo dessa história." - digo, Anthony assente com a cabeça e me entrega a caixa.

"O amor entre eles começou a se fortalecer. Durante o dia se tratavam como cão e gato, mas durante a noite professavam o amor eterno. Mas as coisas na civilização ia de mal a pior. Uma seca estava ameaçando a estabilidade da cidade, havia pouca água e pouca comida, as pessoas começaram a se cansar e foram falar com o chefe. O novo chefe os escutou atentamente, mas não prometeu fazer nada. Ele não podia. A única única pessoa que podia ajudar a esse povoado era sua madrasta, a qual ele baniu há muitos meses. Uma noite, buscando um pouco de tranquilidade, saiu para caminhar pelo povoado. Foi aí quando as coisas foram descobertas. Sua irmã e seu filho foram encontrados juntos. Quando ele estava a ponto de reagir, um dos sacerdotes mais antigos da civilização, pediu para conversar com ele. Essa noite, o chefe descobriu algo que o deixou sem ar e completamente irritado. A vida seguia o traindo e um dia acabaria cobrando o seu preço. O chefe pediu para que o sacerdote não contasse isso para ninguém, já que se descobrissem poderia prejudicá-lo. O sacerdote aceitou ficar calado, mas quando ia para casa ele acabou encontrando um animal selvagem com olhos vermelhos e com garras afiadas, que acabou tirando a sua vida."

- "Então quer dizer que o segredo é com o filho do chefe." - digo e Anthony me olha.

- "Como o que?"

- "Se fala do amor proibido entre tia e sobrinho, mas segundo o que o sacerdote contou ao novo chefe, não seria tão assim. A mãe do novo chefe era má início ficou demonstrado nas caixas anteriores, e tomara que eu não esteja errada, o novo chefe não era filho do chefe, portanto eles não eram familiares biológicos. Isso quer dizer que não era um amor proibido, era apenas mentiras que passaram de geração em geração inocentes pagarão por isso. Isso explica Por que falam de uma corrente de erros E por que os mesmos habitantes das duas tribos, pedem para arrumar isso." - digo e ele suspirou.

- "Arrumando como?"

- "Fazendo com que o amor proibido não seja tão proibido." - digo e ele franze as sobrancelhas.

- "Quer dizer eu e você?"

- "Não sei. Só estou divagando. Nos respondo duas caixas e em uma delas devem acontecer o que acontece no meu sonho e nos seus." - digo e ele assente.

Anthony me entrega uma garrafa de água e ambos suspiramos. Pelo que parece, nossos ancestrais eram bons metendo os pés pelas mãos e agora, somos os únicos que podemos solucionar isso.

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