Jasmine
O frio que entra por esta porta me deixa toda arrepiada. Com o pouco de coragem que me resta, me levanto do chão e decido que é melhor saber o que há do outro lado do buraco e por fim acabar com esse mistério. Olho para Anthony e vejo que ele está na mesma posição que antes.
- "Vamos?" - pergunto olhando para aquela porta.
- "Tem certeza? Há alguns minutos você não estava muito segura disso." - ele diz e eu faço uma careta.
- "Se não fizermos isso agora, não faremos isso nunca. Na bolsa que está ao seu lado, tem algumas lanternas que podemos usar. Estou pensando que já está na hora de saber o que há por trás disso e depois fechar esse tema. Já estou cansada dessa história, tanta morte, tanto sangue e tudo provocado por sentimentos que poderia ter sido evitado. A vingança e a morte não é a única maneira de castigar as pessoas. Há outras que são mais rígidas mas não tão sanguinárias. A minha mente e meu coração não podem com tanto. É hora de colocar fim a essas coisas. Precisamos enterrar essa história." - digo e ele franze o cenho.
- "Não quer que os outros saibam sobre essa civilização?" - Anthony pergunta assombrado.
- "Não sei. Eu quero tantas coisas, mas sei que nenhuma se tornará realidade. Minha mãe não está lá dentro e o que posso encontrar alí, é o meu túmulo. Não é muito confortável está no meu lugar." - digo e ele assente.
Sem dizer mais nada, seguro a sua mão e começamos a caminhar até a porta. Meu corpo está gelado. Estou tremendo e não é de medo. Eu sei disso porque estou transpirando.
Acho que estou morrendo de nervos.
As lanternas iluminavam um pouco, mas mesmo assim dá pra vê muito pouco. Fico tensa dos pés a cabeça quando o ar frio percorre a minha pele. Que demônios está acontecendo comigo?
Anthony para a alguns centímetros de mim e percebo que ele está tenso. Fico na ponta dos pés e meus olhos se encontram com uns olhos vermelhos me olhando atentamente. Ofego quando me dou conta que é a mesma fera que aparece em meus sonhos e em várias das caixas.
Anthony me esconde atrás do seu corpo e a fera relaxa, nos deixando passar. Franzo o cenho e a olho detalhadamente. A fera tem várias cicatrizes e uma delas está infeccionada.
Anthony continua caminhando, mas eu me detenho. Coloco minha mão no bolso da minha calça e pego um doce de morango. Me aproximo da fera lentamente e sem ter medo, quando estou perto dele eu o ofereço o doce. A fera cheira um pouco e depois pega o doce delicadamente da minha mão para comê-lo.
Escuto ele ronronar e eu sorrio. Sinto Anthony me puxar pra ele e nega com a cabeça olhando pra mim.
- "Não era você quem tinha medo?" - ele grunhe. Franzo o cenho por causa da sua pergunta.
- "Eu nunca tive medo dele. Quando ele apareceu para mim me assustei um pouco porque eu não estava esperando vê-lo ali. Mas o que me surpreende é que ele não tenha te atacado ou te arranhado." - digo.
Anthony para de andar e eu mordo o meu lábio inferior quando vejo a cara que ele está fazendo.
- "Isso não é engraçado. Você está dizendo que ficaria feliz se ele me mordesse ou fizesse algo mais comigo?"
- "Você está sendo exagerado. É só que a história dizia que a fera não era muito carinhosa com estranhos e muito menos com as pessoas que de alguma forma machucaram a sua protegida. Você é a reencarnação do homem que matou de maneira mais cruel sua protegida." - digo e ele suspira.
- "Vamos parar de falar sobre o passado que não nos importa agora. Isso aconteceu há muitos anos e agora estamos procurando o que está dentro desse lugar. Com isso essa história está encerrada e todos descansaremos dessa prisão que essa história tem significado." - ele diz e eu assenti.
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Unidos pelo Passado
RomanceRobert Gardner é um dos maiores arqueólogos do mundo, tem um novo desafio ao ir em uma expedição no deserto mais árido do mundo para buscar vestígios de uma possível antiga civilização e relíquias que podem ter origem há centenas ou milhares de anos...