trinta

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RYAN

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RYAN

Mais um dia quente cobre toda San Diego. Gotas de suor se acumulam na minha testa que tem que ser limpa de minuto em minuto enquanto trabalho na oficina com o meu pai. Minha camisa está bem longe do meu corpo, e a calça jeans me incomoda. É uma pena que eu não possa ficar de cueca ou simplesmente pelado. Seria como uma salvação divina para mim. 

Mas como isso não é possível, eu me contento em ficar apenas sem camisa. É até engraçado todas as vezes que estou em frente à oficina e alguma mulher passa em um carro buzinando e gritando "quer carona, gatinho?". Eu realmente não sei o que todas essas garotas veem em mim, porque me considero apenas um cara comum. Tenho músculos, mas e daí? Muitos caras hoje em dia tem. Olhos azuis? Não é algo raro. Tatuagens? Qualquer um pode fazer. Mas parece que algo em mim atrai as mulheres como as abelhas são atraídas por plantas aromáticas. 

— Ei, exibido, eu vou sair para comprar o nosso almoço — meu pai anuncia. — Vê se não faz nenhuma mulher gozar na calcinha até eu voltar. 

Sorrio de lado. 

— Não prometo nada, meu velho. 

Ele resmunga algo inaudível e vai embora. Mal sabe ele que só existe uma mulher que eu quero fazer gozar na calcinha agora. 

Estou estudando o sistema de um Audi R8 quando alguém entra na oficina. Vejo um vislumbre de cabelo preto bem liso, e não consigo evitar a careta de desgosto ao ver de quem se trata quando inclino um pouco a cabeça para o lado.

A mãe de Jade está aqui. As duas são muito parecidas fisicamente. O tom da pele, a espessura do cabelo, os olhos profundos e escuros. É apenas uma versão mais velha, mas bem conservada, da garota por quem estou gamado, e isso me incomoda. Seria muito mais fácil odiar essa mulher se eu olhasse para ela e não visse Jade ali. 

— Posso ajudar? — pergunto secamente. 

Ela me olha de cima a baixo com estranheza, e quando seus olhos se voltam para os meus, reconheço o sentimento de desprezo neles. Não me abalo. 

— É assim que você atende os clientes, rapaz? — pergunta ela, ríspida. — Tenha a decência de colocar uma camisa antes de falar comigo. 

— Primeiramente, meu nome não é "rapaz", é Ryan — digo com sarcasmo. — Segundo, se está tão incomodada com nosso atendimento, há várias outras oficinas na cidade. Sinta-se à vontade para se retirar — aponto para a saída. 

Os olhos dela inflamam com um sentimento que conheço bem: raiva. 

— Então esse é o tipinho que minha filha insiste em defender? Um cara mal educado e sem nenhum princípio. 

Ah, não. Essa mulher está passando de todos os limites. 

— A senhora chega no meu local de trabalho me insultando e eu que sou mal educado? Parece que são os princípios da senhora que são duvidosos. 

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