trinta e oito

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— Você não tem… direito! 

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— Você não tem… direito! 

— Você não pode…

— Ela é minha filha! Vá… 

— Eu não vou a… você não vai me impedir de… 

— Isso é tudo culpa… 

As vozes fazem sentido por um instante na minha cabeça, e depois voltam a se perder. Um zumbido irritante está presente nos meus ouvidos, e é como uma sessão de tortura que nunca tem fim. Meu corpo todo dói, assim como a cabeça, e também sinto uma pressão desconfortável no peito. Não consigo abrir os olhos de imediato. Apenas me sinto deitada em algo macio, mais confortável do que o chão, pelo menos, em posição ereta e sem poder me mexer. 

Sinto algo duro pressionado contra minha espinha dorsal. É muito desconfortável, ainda mais por estar deitada de costas para o colchão, e não sei o que pode ser tal coisa até flashes de lembranças atingirem em cheio a minha cabeça. O teste de gravidez. 

— Você só trouxe desgraça para a minha filha! 

As vozes começam a fazer sentido na minha cabeça. Essa voz… seria a voz da minha mãe? 

— Desculpa, mas não fui eu quem obrigou a sua filha a voltar para um lugar onde ela é infeliz o tempo todo! 

Ryan. Essa é a voz do Ryan. Ele parece furioso. 

— A minha filha não quer ver você! Ela não quer nada com você! Vá embora daqui e a deixe em paz!

— Eu não vou sair daqui sem antes falar com ela nem que o diabo me carregue! — Essas palavras devem ter deixado a mamãe escandalizada. 

— Você está em uma Igreja, rapaz! Mais respeito! — Aí está a confirmação. 

— Você me envenenou, envenenou a sua própria filha, e agora está querendo me falar sobre ética e respeito? 

Forço os meus olhos a se abrirem. Minhas pálpebras tremem. Enxergo uma luz. Não é muito forte; é como raios solares de uma tarde cinza que penetram as janelas da Igreja. As coisas vão tomando forma ao meu redor e eu finalmente reconheço a ala médica. Passei muito tempo por aqui durante muitos anos. É uma sala enorme, com leitos estreitos e algumas cortinas azuis que separam as camas umas das outras. Há alguns equipamentos médicos que parecem ultrapassados, mas funcionam bem. Tudo tem cheiro de coisa velha, como se tivesse passado muito tempo abafado. As paredes tem um tom morto de cinza, e me sinto como se estivesse no meu próprio enterro. 

Minha boca se encontra seca. Meus lábios estão ressecados, eu sinto. Vejo uma enfermeira cuidando de uma paciente na outra extremidade do salão, mas não vejo mamãe ou Ryan. Talvez eu só estivesse delirando. Mas então, quando viro a cabeça lentamente para o outro lado, vejo um corpo alto e forte coberto por roupas pretas. Ele está de costas para mim, mas posso perceber a tensão correndo pelos seus músculos pela forma como os ombros estão tensos e os punhos fechados. Apesar de eu não conseguir enxergar o rosto dele, eu consigo ver claramente a irritação no rosto da minha mãe. Seus olhos são mortais, e seus lábios desferem palavras cruéis. Ambos estão travando uma batalha. 

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