trinta e seis

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RYAN

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RYAN

— Jesus, Ryan, que diabos aconteceu com você? 

Eu mal consigo reconhecer a voz do meu pai. Na minha cabeça há um zumbido muito alto que continua ecoando como ondas de vibrações que me deixam inconsciente, mesmo estando com os olhos bem abertos. 

Estou bêbado. Estou muito bêbado. Bebi seis cervejas. Ou foram dezesseis? Não importa o número; tudo que importa é que estou com a sensação de que posso morrer a qualquer momento. Talvez a bebida seja uma espécie de anestesia para tornar essa dor mais suportável, e por isso eu tenho enchido a cara todos esses dias. 

Não sei como chego à casa do meu pai. Só lembro que o barman, um conhecido meu que me viu encher a cara todos esses dias, ligou para o meu pai quando percebeu que eu não tinha condições de voltar para casa dirigindo. Ele me obrigou a esperar até o meu velho chegar. Não queria que meu pai me visse nesse estado deplorável, mas ele é a única pessoa em quem posso me apoiar agora.

Eu vomito pra caralho quando chegamos na casa em frente ao mar. Papai me arrasta para dentro, praticamente me carrega, enquanto fico choramingando. Ele me força a tomar um banho e empurra alguns comprimidos pela minha goela. Visto roupas limpas que não tem cheiro de álcool e cigarro e caio na cama. 

Não me lembro de mais nada depois disso. 

Raios de sol preenchem o quarto e trazem uma leve e agradável sensação de calor para o meu corpo. As janelas estão abertas, o que me permite escutar as ondas se quebrando na costa não tão longe daqui. É difícil para os meus olhos se acostumarem com a claridade, mas as coisas ao meu redor vão ganhando forma até eu reconhecer um dos quartos da casa do meu pai. 

Arrasto-me até a cabeceira e levo a mão imediatamente à cabeça. Que dor do caralho. Minha cabeça está pesando mais que chumbo. Solto um gemido e tento lidar com essa maldita ressaca, mas parece que ela não está a fim de dar uma trégua. 

É um sacrifício tirar o meu corpo da cama. Cambaleio pelo carpete, tropeçando até o banheiro. Meu rosto no reflexo do espelho assusta. Meu cabelo está apontando em várias direções e olheiras se formam abaixo dos olhos. Parece que não durmo bem há dias. E não durmo mesmo. 

Lavo o rosto com água corrente e aproveito para passar a mão molhada no cabelo, jogando-o para trás em um penteado alinhado. Escovo os dentes e depois tomo um banho bem gelado para tentar trazer o meu corpo de volta à vida. Mas sei que isso é ingênuo; me sinto morto, sem emoção, sem propósito. 

Faz dias que não falo com Jade. Não tive coragem de olhar nos olhos dela depois de tudo o que fiz. Queria poder me desculpar, dizer que aquelas palavras foram da boca para fora, mas no fundo eu sei que não sou bom para ela. Sou um fardo, e não quero que ela me carregue por aí. Jade merece ser feliz; merece um cara que esteja inteiro, não em pedaços como eu me sinto. Aquela conversa com Helena, a mãe dela, ainda está rondando minha cabeça feito uma maldição, me torturando dia após dia. 

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