trinta e sete

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Me recuso a fazer um teste de gravidez, mesmo que Leonor tenha se oferecido para ir comprar um para mim escondido

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Me recuso a fazer um teste de gravidez, mesmo que Leonor tenha se oferecido para ir comprar um para mim escondido. Me recuso a pensar que posso estar grávida. Isso seria o último prego no caixão. Eu seria expulsa definitivamente do convento, e mamãe seria capaz de me mandar para o inferno com as próprias mãos. 

Não consegui parar quieta. Sou um corpo pequeno de puro nervosismo e ansiedade. Toda vez que penso nessa possibilidade, sinto vontade de vomitar, mas acontece que não existe mais nada no estômago para colocar para fora. Eu só quero me encolher em posição fetal e chorar. Chorar até não restar mais forças para manter os olhos abertos. 

Isso é um pesadelo. Não posso estar grávida do cara que acabou de me dar um pé na bunda, que não sente absolutamente nada por mim. Pior do que a rejeição da Igreja e da minha mãe, seria a rejeição de Ryan pelo próprio filho, fruto dos nossos momentos juntos. E mesmo que isso seja verdade, como vou contar uma coisa dessas para ele? Eu não teria coragem de olhar nos olhos dele e dizer que estamos esperando um bebê.  

Sinto raiva e medo. Eu sou tão estúpida a ponto de deixar as coisas chegarem a este ponto. Onde eu estava com a cabeça? Eu nunca deveria ter fugido da Igreja e me envolvido com um cara feito Ryan. Eu sabia que ele era problema quando o vi pela primeira vez, mas meus desejos carnais foram maiores do que meu lado racional me avisando para ficar o mais longe possível. 

Eu mereço esse castigo. 

— Toma. Coma isso. 

Olho para Leonor sem nenhuma emoção. Ela está sentada sob minha mesa mais uma vez, e está empurrando um pouco de ensopado de carne que me faz querer vomitar. Tudo me enjoa, até mesmo o cheiro de terra molhada do jardim aos fundos da Igreja. Choveu bastante ontem. O dia está cinza. E eu quero morrer. 

Nego com a cabeça. Ela suspira. 

— Você precisa se alimentar, Jade — diz ela bem baixinho. — Você pode estar comendo por dois agora e… 

— Quieta. — Digo entredentes, com um olhar de raiva. 

Ela engole em seco. 

— Você não pode ignorar isso para sempre. Sabe? Se você estiver mesmo… — ela faz uma pausa, olha para os lados e depois acrescenta em tom baixo: — grávida, não vai poder se esconder por muito tempo. 

Pior que ela tem razão. Meus olhos se enchem de lágrimas. Não sei o que fazer. 

— Tem certeza que não quer que eu compre um teste? — insiste. — Pelo menos para acabar com essa dúvida. 

Minhas mãos começam a suar mesmo com o tempo congelante. Estou muito ansiosa, perto de ter uma crise ou um colapso nervoso, mas sei que entrar em pânico não vai resolver nada. Preciso ser corajosa e pensar em uma maneira de resolver isso, e o primeiro passo é comprar um teste de gravidez, mesmo que a ideia me assuste. O segundo passo… bom, eu não sei. Preciso de uma confirmação para pensar no que fazer a seguir. Se der negativo, vida que segue. Se der positivo… Ryan precisa saber. Por mais que eu esteja com raiva dele, magoada, ele é o pai de uma possível criança, e não vou dar uma de idiota e criá-lo sozinho. Fizemos isso juntos, e precisamos resolver isso da maneira mais racional possível. Não quero nada vindo dele, mas essa criança precisa de um pai. 

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