trinta e um

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Sou recebida por um olhar furioso quando entro em casa

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Sou recebida por um olhar furioso quando entro em casa. Tento ignorar e passo direto para a cozinha, mas minha mãe me segue até lá. Ela espera que eu diga alguma coisa, dê alguma explicação, mas permaneço tranquila enquanto bebo alguns goles de água. 

— Onde você estava? — mamãe finalmente explode. — Seu expediente acabou há mais de duas horas atrás! 

— Eu sei disso — digo. — Não preciso que a senhora fique me lembrando. 

Uma expressão severa molda o seu rosto. 

— Você estava com aquele delinquente, não estava? 

Respiro fundo. 

— Olha só, mamãe… você não é obrigada a gostar do Ryan, mas não tem o direito de chamá-lo de delinquente ou ir no trabalho dele insultá-lo. 

Os olhos dela ganham um brilho de sarcasmo. 

— Ah, então ele já foi fazer fofoca? — pergunta. 

— Não fale como se ele fosse o errado da história — rebato. — Onde você estava com a cabeça para oferecer dinheiro para ele se afastar de mim? O que eu sou para você, mãe? Um objeto à venda?

Ela tem a dignidade de fingir surpresa. 

— O quê?! E você acredita nisso? Que eu faria uma coisa dessas? 

Reviro os olhos. 

— Quer saber, mamãe? Acredito, sim. — Estou tão cansada disso tudo. — Acredito que minha própria mãe prefere jogar sujo ao invés de sentar comigo e conversar; de tentar entender o que se passa aqui dentro e apoiar minhas decisões. 

— Eu só quero o que é melhor pra você! 

— Não — balanço a cabeça. — A senhora quer o que é melhor para você. — Faço uma pausa, sentindo um aperto no peito. — Ficaria satisfeita com isso? Ficaria satisfeita em me arrastar para aquele fim de mundo, de me trancar na Igreja e viver com a consciência tranquila ao saber que sua filha viveria o resto da vida infeliz? 

Ela fica em silêncio por um momento. 

— Mas Deus… 

— Para de envolver o nome dEle nisso! — explodo. — Não se trata de Deus aqui; trata-se de eu e você! A senhora não tem o direito de sair por aí blasfemando o nome de Deus com a única e exclusiva finalidade de beneficiar a si mesma! Chega, mamãe. Chega! 

Mamãe me olha como se não me reconhecesse. 

— Você não era assim… o que aconteceu com a minha filha? 

As lágrimas começam a queimar nos meus olhos. Ela está agindo como se eu fosse a errada da história, como se apenas ela tivesse a razão, e isso me machuca. Mamãe nunca esteve disposta a me ouvir; ela está aqui para me insultar e usar dos argumentos mais sujos para me persuadir. Eu a amo muito, mas não vou tolerar esse tipo de coisa… não mais. 

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