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Assimilar tudo o que aconteceu é como tentar achar uma agulha no palheiro

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Assimilar tudo o que aconteceu é como tentar achar uma agulha no palheiro. Dormir, então, é um sacrifício. Não consigo fechar os olhos. Não consigo me concentrar. Deus do céu, eu não consigo nem comer alguma coisa, mesmo que o meu estômago esteja implorando por um pouco de comida. 

Depois que Ryan deixou o apartamento, demorei alguns instantes — talvez horas — para conseguir recuperar a força das pernas e levantar. A primeira coisa que fiz foi pegar o diário e guardá-lo em um local bem escondido dentro do meu guarda-roupa. Carregá-lo por aí é uma péssima ideia. 

A segunda coisa que eu fiz foi tomar um banho. Eu precisava disso. Tentei a todo custo ignorar a umidade na minha calcinha, mas ainda assim ela estava lá, e o causador dessa situação continua cravado na minha cabeça como uma bala alojada. 

Acomodei o meu corpo sobre o colchão. Virei-me para a esquerda e depois para a direita. Afundei o rosto contra o travesseiro. Mudei de posição. Nada parece adiantar. Toda vez que eu fecho os olhos ele está lá, e novamente uma umidade crescente volta a surgir entre minhas pernas. 

Não dá. Eu simplesmente não consigo mais. Olho para o alarme que marca duas horas da manhã. Eu só devo estar louca. Ponho-me de pé e dou alguns passos inquietos pelo quarto, na tentativa de acalmar essa sensação que formiga no meu ventre. Não adianta. 

Com as mãos trêmulas, vou até o meu celular. Encaro o número no início do histórico de chamadas, sentindo uma onda de coragem ir e vir. Isso é errado, uma vozinha cínica e irritante grita no fundo da minha mente. Mas não importa. Eu só preciso sentir aquela sensação de novo. 

Fecho os olhos e clico no botão verde. Levo o celular ao ouvido. Espero. Cada chamada é uma tortura, e quando penso em desistir e desligar, a voz dele, rouca e sensual, surge do outro lado da linha. 

— West.

Uma onda de energia percorre o meu corpo. 

— Ryan… — eu sussurro. 

E como se pudesse ler a minha mente, ele pergunta simplesmente: 

— Na minha casa ou na sua? 

Meu corpo entra em colapso. Eu estou mesmo pensando em fazer isso? 

— O meu irmão está em casa… 

— Na minha, então. 

Há um breve silêncio entre as linhas. A falta de palavras é tão profunda que eu tenho medo que ele possa escutar o meu coração batendo alto e forte. 

— Eu vou te buscar. Esteja na frente do seu prédio em quinze minutos. 

E assim a ligação se encerra. Encaro a tela do celular, boquiaberta. Eu estou mesmo pensando em fazer isso? O que deu em mim? Eu não sou assim… ou será que sou? Ryan é um completo estranho, e eu estou prestes a sair no meio da noite com ele, para ir sabe-se lá onde. 

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