Capítulo 38

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ALFONSO

A vida é uma grande merda, pensei, largado no sofá, enquanto virava a garrafa de vodca e nada caía em meu copo.

Mas que diabos. Quem tinha bebido toda a minha vodca? Camila nem estava ali para eu acusa-la.

— Alfonso... — Dulce chamou. Ela e Christopher surgiram na sala de jantar.

— Ei, vozêz doiz! — Apertei os olhos. Ué, havia dois de cada.

— A porta estava aberta. Nós fomos entrando... — ela comentou, olhando com a testa franzida para a garrafa em minha mão. Ah, ela também estava intrigada com o mistério da vodca desaparecida.

— Mi caza, zu caza!

— Você está bêbado? — meu irmão perguntou, de cara amarrada.

— Nãããããããããão.

— O que está acontecendo? — Dulce quis saber. — Cadê as suas hóspedes?

— Quem pode zaber! — Tentei me sentar. Precisei de três tentativas para conseguir. Meus reflexos estavam meio lentos.

Christopher suspirou e chegou mais perto, me ajudando a me ajeitar na cadeira. Eu o peguei pelo cotovelo, obrigando-o a se abaixar para que nossos rostos ficassem na mesma altura. E comecei a rir, porque ele ficava engraçado com dois narizes.

— Christopher, eu amo vozê. Eu amo vozê pra cazzete, cara!

— Quanto você já bebeu? — Ele pegou no chão uma garrafa com dois dedos de vodca dentro.

Arrá! Mistério resolvido. A vodca havia mudado de embalagem.

— Quase nada. Zó um golinho ou dois. Me dá ezza aí. — Tentei pegá-la, mas meu irmão a afastou. Um celular tocou ali perto. Acho.

— Alô. Oi, Maite — Dulce disse. — Sim, eu soube.

— Tudo bem. Pode ficar com ezza. Tem mais na cozinha.

Era realmente engraçado como a mobília pareceu ter mudado de lugar, e eu de repente me senti em um carrinho de bate-bate. Estava rindo quando abri o armário da cozinha e peguei outra garrafa de vodca. Meu irmão estava logo atrás de mim, os olhos estreitos.

— Onde está a Anahi, Alfonso?

— Christopher, eu não zei nem onde deixei meu telefone. — Não encontrei um copo, então bebi direto do gargalo.

Inferno, nem aquilo fez a ardência no peito diminuir. Mas mais um trago e com certeza resolveria o problema.

— Sim, claro. Ela vai precisar de um tempo. — Dulce apareceu sob o batente. Seus olhos castanhos se fixaram em mim. — Sem problemas. Ok. Obrigada por avisar, Maite. — Ela encerrou a chamada. — A Anahi vai ficar em casa uns dias. Ela acabou de ligar para a Mai. O coração da dona Begônia apareceu! Pelo menos uma boa notícia. Você... não vai correr pra lá agora mesmo? — ela quis saber quando tudo o que eu fiz foi levar a garrafa à boca.

— Não.

— Por que não? — Dulce olhou de mim para Christopher, então de volta para mim. Dei de ombros.

— Eu sabia! — Christopher explodiu. — Seu grande idiota.

— O quê? — Dulce colocou o telefone no bolso.

— Ele terminou com a Anahi. — Meu irmão correu a mão pelos cabelos claros.

— O quê? Mas por quê? — Dulce me encarou. — Alfonso, que merda você fez?

Mentira Perfeita - ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora