Capítulo 21

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ALFONSO

Alguém bateu na minha cabeça.

Dulce, e não foi por acidente. Por que essas mulheres de repente tinham cismado em me bater?

Eu tinha ido até a casa deles para tentar ocupar a cabeça, ou acabaria enlouquecendo. Não que estivesse funcionando, claro.

— Você ouviu uma palavra do que eu disse? — minha cunhada perguntou, irritada.

Claro que não.

— Claro que sim. Você estava falando sobre o casamento.

Ela me olhou desconfiada, mas deixou por isso mesmo.

— Aquela maluca da Amanda — falou Dulce — sugeriu colocar umas pombas na hora da troca de alianças. Consegue imaginar uma coisa dessas? Eu não ia parar de rir!

— Se você não gosta das ideias dela, por que a contratou?

— Porque a Mila me obrigou! Ela disse que era a melhor, mas, sei lá, Alfonso, a garota só dá ideias que não têm nada a ver comigo e... tudo a ver com a Mila. Você sabe que a Mila adora usar o sticker daquele pica-pau seduzindo, né? Você acredita que outro dia a Amanda me mandou umas sugestões de lingeries para a lua de mel e me mandou essa porra de pica pau no final?

— Bom, elas são amigas e a culpa é sua por ter deixado a organização do seu casamento nas mãos de outras pessoas. E cá entre nós, eu gosto dessa Amanda. Outro dia ela veio aqui com a Mila e a risada dela é capaz de levantar defuntos.

— Eu sei, eu sei, a Amanda é legal, mas vai me enlouquecer qualquer dia. Quando eu contei que a lua de mel seria em um lugar próximo por causa das minhas atribulações e que iríamos de carro, ela começou a me olhar com uma cara engraçada, como se eu e Christopher fossemos fazer alguma coisa naquele carro. Sério, eu não sei de onde diabos surgem essas ideias.

— Bom, você pode conversar com ela sobre o que de fato você quer. Nada que uma meia hora no telefone não resolva — Dispensei, minha cabeça viajando para outra ocasião.

— Não seja ridículo, Alfonso, o máximo de áudio que eu já mandei para uma pessoa foi 10 minutos. ­— Ela revirou os olhos — Além disso, eu não quero pombas voando em cima dos convidados. Imagina se uma delas resolve... — ela recomeçou a falar e eu me desliguei da conversa outra vez. Não fiz de propósito, juro que não. Mas minha mente começava a vagar para os acontecimentos da noite passada — aqueles em meu quarto, antes de eu ter agido feito um grande babaca e tido a péssima ideia de fazer a coisa certa, para variar.

É claro que Anahi não tinha entendido nada. Como poderia, se nem eu mesmo entendia?

— Alfonso! — Dulce chamou.

— O quê?

— Você continua não me ouvindo!

— A costelinha está pronta. — Christopher apareceu na sala com um pano de prato sobre o ombro, equilibrando três latas de cerveja. Deus seja louvado!

— Ainda bem! — Ela se levantou. — Estou quase passando mal de fome. Vem, Alfonso.

— Comam vocês.

Dulce parou com um solavanco, virando a cabeça para me encarar, boquiaberta.

— Como é? — meu irmão perguntou, sem saber se deveria rir ou se preocupar.

— Tô sem fome — resmunguei. — Mais tarde eu como alguma coisa.

— Você tá passando mal? — Dulce pousou a mão em minha testa.

Mentira Perfeita - ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora