Capítulo 45

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ALFONSO

Por que as flores precisam ter cheiro de flor? Eu me perguntava, irritado.

Inferno. Dava para sentir o perfume delas mesmo ali na sacristia.

— Certo. Estão todos aqui? — Amanda perguntou, verificando sua prancheta. Ela também chegara em tempo recorde

— Só faltam o Nicolas e a Maite. Eles devem chegar logo — Christopher respondeu.

— Muito bem. Então vamos começar. Já definiram quem vai levar a Dulce até o altar? Dulce, que falava com Mila e Breno, fez que sim.

— Acho que meu avô ficaria muito feliz se o seu Armando me levasse.

Meu velho sorriu para ela, os olhos marejados.

— Vai ser uma honra, querida.

— Certo — Amanda fez uma anotação na prancheta.

— O Christopher deve entrar com a Ruth e...

Um alvoroço na porta de entrada a deteve. Nicolas, ligeiramente trôpego, riu.

— Foi mal, pessoal. Podem continuar.

Os olhos de Amanda se estreitaram em sua direção.

— Você veio ao ensaio bêbado?

— Já estou ensaiando para a festa também — ele piscou para ela. — Só vim dar apoio moral para o noivo.

Ela bufou.

Christopher, alheio a tudo isso, correu os dedos pelos cabelos e soltou o ar com força, como se se preparasse para entrar em uma competição! Tive que lutar para não rir.

— Vocês já fizeram isso antes — eu disse a ele. — Quer relaxar? Está deixando a mãe nervosa.

— Fico preocupado que alguma coisa dê errado.

— Não vai dar nada errado. Estou no comando. Acima de mim, somente os helicópteros da polícia — Amanda articulou, sem tirar os olhos da prancheta, em que fazia mais anotações. E o pior é que ela parecia incrivelmente séria ao dizer isso.

— É. E eu estou aqui — Dulce disse. — O que pode dar errado?

Meu irmão revirou os olhos.

— Prefiro não pensar no que pode acontecer quando você está envolvida, Dulce.

— Para de bancar a mocinha ansiosa e arruma esse cabelo — zombei. — Você devia cortar para o casamento.

— Por quê? Está ruim? — Correu os dedos pelas mechas.

— Horrível.

— De dar pena — Nicolas ajudou.

— Está perfeito. Do jeito que eu gosto. — Dulce enfiou as mãos nos fios loiros, prendendo os dedos.

Meu irmão abriu o sorriso mais branco de toda a história e lhe roubou um beijo.

Dei risada novamente.

Meu irmão era sempre tão firme e decidido. Mas bastava olhar para ele agora para ficar com pena do pobre coitado. Por que os homens davam tanto poder às mulheres, eu não fazia ideia. Eu só sabia que não era saudável, sobretudo para o homem.

Quando alguém se depara com o perigo, é prudente ser cauteloso e se manter a uma distância segura. Mas, se o perigo usar saia, bom, é um caso perdido. O cérebro entra em curto e deixa de funcionar, e então o cara é guiado por outro órgão. Um que mais parece uma besta sempre faminta. E em algum momento impossível de se precisar a besta faminta faz aquela ligação sinistra com o peito, o monstro se torna ainda mais voraz e implacável. É quando a guerra acaba e o idiota se perde para sempre.

Mentira Perfeita - ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora