Sim, eu estou sim saindo correndo.
Não, não levantei atrasada para o trabalho e nem estou saindo correndo com meu coque frouxo e copo de Starbucks na mão no meio dos carros.
E muito menos vou esbarrar no amor da minha vida.
É uma pena, mas eu, definitivamente, não era uma dessas pessoas.
Não havia nada de emocionante ou extraordinário na vida comum que eu levava.
Antes de correr em disparada, eu estava agoniada no banco do uber, observando o aglomerado de carros que atravancava a avenida. Havia sirenes mais à frente, e uma multidão de curiosos impedia que o trânsito fluísse.
Eles não entendiam, caramba!! Eu não podia esperar. Não podia deixar que uma multidão de fofoqueiros me atrasasse ainda mais.
Fazia mais de uma hora que Christian tinha me ligado para avisar que tia Begônia havia sido internada. O tom de voz de meu amigo, que costumava ser tagarela, estava muito sério. Ele não deu nenhum detalhe, e isso me fez imaginar o pior.
— Tudo bem, eu fico aqui mesmo — falei para o motorista.
— Tem certeza que não quer esperar? Talvez o trânsito melhore ali na frente.
— Já estou bem perto. Consigo chegar mais rápido a pé do que de carro. Obrigada. — Entreguei as notas a ele e, sem esperar pelo troco, abri a porta para sair.
Foi aí que começou minha correria. Atravessei a rua sem me importar com os carros, me espremendo entre as pessoas aglomeradas. Conferi o relógio e já fazia uma hora e sete minutos desde que Christian ligara e eu saíra correndo da L&L Cosméticos. Nem tive tempo de avisar Maite. Minha (única) amiga e colega na empresa certamente ficaria preocupada ao não me ver no refeitório no horário do almoço, mas eu não pensei direito quando Chris ligou avisando que estava levando tia Bê para o hospital e que eu deveria correr para lá. Só juntei minhas coisas e corri de uber para o local, implorando a Deus que minha tia aguentasse mais essa.
Porque ela tinha que aguentar.
Tirei os óculos, já embaçando pelas lágrimas que ameaçavam cair e segurei firme o nó que se fechava em minha garganta antes de começar a correr. Eu não podia desabar, não agora. Minha tia precisava de mim.
Cinco quarteirões depois e eu já estava ofegante e suada me dirigindo à recepção do hospital, com seus tons de madeira clara e suas paredes brancas, aquele tom impessoal e frio a qual eu me acostumei e tanto odeio.
Após intermináveis minutos que pareceram horas, finalmente fui levada por um dos enfermeiros ao andar onde minha tia estava internada. Fiz mil perguntas no caminho, mas o cara não sabia de nada, o que só fez aumentar meu estado de nervos.
Avistei Chris andando de um lado para o outro. Mesmo sendo tão alto, ele me pareceu menor que de costume.
— Christian! — praticamente gritei, me adiantando até ele.
— Anahi. Graças a Deus! — Ele inspirou fundo e passou os braços ao redor dos meus ombros, me apertando tanto que quase desabei em um choro ali mesmo, mas me mantive.
— Como é que ela tá? O que aconteceu? — Eu me afastei para ver seu rosto bonito, procurando indícios de algo que pudesse me dar respostas. Os olhos cinzentos estavam vidrados, deixando-o pálido e assustado. Ai, não!
— Ela começou a sentir dores e não conseguia respirar direito. Ficou muito pálida. Enfiei ela no táxi e trouxe para cá. Achei que era o certo a fazer.
— E ela não reclamou? — Porque tia Bê nunca ia para o hospital sem uma bela discussão. Ele negou com a cabeça.
Ah, meu Deus! O que será que isso significava?
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Mentira Perfeita - ADP
FanficAnahi está em sérios problemas depois de mentir para salvar sua tia doente. Alfonso pode ser a solução perfeita para seus problemas, até o momento em que os sentimentos deles vêm a tona e eles estragam tudo.