Capítulo 48

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ANAHI

Passaporte, documentação da L&L, bolsinha de remédios, óculos reserva, dólares...

Terminei de conferir minha mala pela terceira vez e fechei o zíper.

Verifiquei a bolsa, checando se estava tudo ali, e acabei encontrando o CD que Alfonso me dera na noite passada. Me senti tentada a dar uma olhada, mas fui interrompida.

— Pegou um casaco? — minha mãe perguntou ao entrar no quarto.

— Sim, mãe.

— E uns hidratantes? Sua pele sempre fica mais seca no frio, e NY deve ser mais fresca que aqui.

Acabei rindo.

— A senhora sabe que lá deve ter um milhão de lojas, né? E que eu estou indo trabalhar em uma empresa de cosméticos?

— Sei, e duvido que você vá entrar em alguma loja ou pegar um potinho de qualquer hidratante na fábrica. — Ela se sentou na beirada da cama. — Liguei para a Amanda da Allure agora há pouco. Ela vai devolver uma parte do dinheiro, já que não vai ter casamento nenhum.

— A menos que a senhora e o dr. Victor resolvam juntar as escovas de dentes.

— Que ideia, Anahi! — Revirou os olhos. — Estamos nos conhecendo melhor. Só isso. Ninguém falou nada sobre compromisso. Ainda mais na nossa idade.

Eu me sentei a seu lado e peguei sua mão. Como eu ia conseguir dizer adeus a ela?

— Não precisa ficar tão tensa — minha mãe disse, suavemente. — É só uma viagem transcontinental.

— Não é com isso que eu estou preocupada, mãe. Tem certeza de que está bem? — Fazia só dois meses e meio que o transplante acontecera. Ela se recuperava espantosamente bem. Nenhuma complicação, sem rejeições, mas ainda assim...

— Quantas vezes vou ter que dizer que me sinto como se tivesse vinte anos? Além disso, eu tenho um médico particular agora. — Uma risadinha coquete lhe escapou.

Então apertou meus dedos, me encarando.

— Meu amor, eu vou sentir sua falta. Tanta que não sei o que vou fazer dos meus dias até te encontrar de novo. Mas você tem que fazer isso. Pela primeira vez na vida, quero que pense em você primeiro, que seja a sua prioridade.

— Tá...

— A minha filha vai ser uma mandachuva em NY! — Ela deu risada. — A Marlucy vai morder os cotovelos de inveja.

Acabei rindo também.

— Não que a senhora vá se gabar nem nada disso.

— Imagina. Vou mencionar o assunto uma ou duas vezes. Agora, se você arrumar um noivo por lá, aí sim eu vou ficar insuportável.

Soltei um suspiro.

— Mãe...

— Desculpe, meu amor. Saiu sem querer. É o hábito. Eu sei que você ainda... — Ela se interrompeu quando me retraí. — Enfim. Eu sinto muito por tudo que a fiz passar. Se eu não tivesse sido tão maluca, nada disso teria acontecido. Mas a questão, meu amor, é que eu estou feliz que você esteja de coração partido. Porque amar é assim, Anahi. Às vezes a gente consegue ser feliz para sempre. Outras vezes o final não é tão alegre assim. O que importa é a experiência, e a marca que o amor deixa. O Alfonso foi o seu primeiro amor e, tenho certeza, vai ficar marcado em você para sempre. Um dia você vai olhar para trás e um sorriso bobo vai surgir no seu rosto quando pensar nele.

— Espero que a senhora esteja certa. — Que aquela dor fosse mesmo embora, porque eu não conseguia respirar direito.

Ela me abraçou e me beijou a testa.

Mentira Perfeita - ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora