God's And Angels: Repostagem

Despedidas

As despedidas são estranhas.

Despedidas são dolorosamente estranhas.

É estranho receber o ultimo abraço...

É estranho receber o último beijo na face...

É estranho ter aquele último toque... Aquela última interação.

Não sei descrever a sensação que senti quando a minha mãe, lavada em lágrimas me abraçou sussurrando que tudo isso era apenas uma fase e que tudo ia melhorar....

Ela afagava meus cabelos e colava o meu rosto ao seu peito e escondia a sua face na dobra do meu pescoço... Me lembro de ter feito um esforço enorme para não chorar a frente dela... Na verdade eu não merecia chorar, porque tudo foi culpa minha...

Minha mãe se afastou de mim, apenas alguns minutos depois limpando as lágrimas e me encarando tristemente...

De seguida, foi a vez de meu pai.

Na hora não sabia como ele ia reagir já que eu tinha a certeza que a desilusão era maior que a tristeza que ele estava sentindo.

Me lembro de ele ter se aproximado lentamente e me lembro de ele me abraçar.

Um abraço estranho...

Eu sentia ele pressionar o meu corpo contra o dele...De uma forma carinhosa.

No entanto... Apesar de eu sentir um grande conforto, também sentia a desilusão dele ocupando o espaço que em tempos o amor ocupou.

E sentir aquilo... Sentir aquela sensação... Sentir aquele sentimento me quebrou por inteiro... E ali foi impossível conter as lágrimas

Foi um abraço curto.

Ele se afastou... Me deu um longo beijo na testa e sussurrou um " Te amo" antes de se afastar por completo.

A cena da despedida, se repetia vezes sem conta em minha mente. E vezes sem conta me sentia completamente destruída por dentro...

Eu tentava esquecer...

Tentava vislumbrar a paisagem das nuvens...

Tentava encontrar segurança no homem desconhecido do meu lado...

Tentava focar minhas atenções na música que estava ouvindo....

Mas nada resultava...

Porque no final aquela despedida... Era uma despedida

E simplesmente não havia como voltar atrás...

Cheguei a Londres algumas horas depois...

E fui recebida pelo abraço carinhoso de meu avo.

E aquele toque me fez perceber outra coisa...

Aquela era a minha oportunidade...

De ser melhor.

De me tornar alguém melhor e eu não a podia desperdiçar.

Eiko On

Narradora On

Mais uma vez Eiko se encontrava perto do lago, analisando alguns velhos relatórios que se escondiam por entre as páginas do velho livro que o garoto lia atentamente.

Mais uma vez estava anoitecendo e mais uma vez ele estava sozinho.

Uma brisa passou balançando lentamente os seus negros cabelos e fazendo com que o seu pequeno corpo se arrepiasse.